terça-feira, 24 de junho de 2025

Sopro de Poesia

Um poema que nasceu do encontro entre palavras e emoção,
como se o vento soprasse poesia dentro do peito

 

O vento das palavras
e a maré das emoções
surgem, por vezes,
e transformam sopros em poesia,
marés em memórias idas.

Hoje, ao desembrulhar
as metáforas de um poema
de um certo Poeta,

senti que as suas palavras,
serviram de lenço,
quando o peito transbordou,
e os olhos se encheram de linfa.

A sensibilidade é uma bússola
rigorosa
neste mar de sentimentos
e recordações.

Que as lágrimas sejam de admiração
pela vulnerabilidade dos vocábulos
espalhados em sopros.

©Piedade Araújo Sol 2025-06-20
Imagem : Jonas Hafner

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terça-feira, 17 de junho de 2025

No Rasto da Memória

Junto letras, esboço palavras.
Desbravo caminhos sem medo,
recomendo trilhos
para que os leias no silêncio.

Que te façam espião,
bálsamo de memórias,
de desejos,e olhares,
ou mesmo de lugares.

No rasto da memória.
Um dia, o silêncio te trará escuta,
e, com a lembrança,
caminhos novos.

©Piedade Araújo Sol 2025-06-16
Imagem : Anka Zhuravleva

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terça-feira, 10 de junho de 2025

Insónia

 

No avesso da madrugada,
___________a insónia.

Agarrou uma centelha
do que estava ao contrário.

___________O sono voou,
e o avesso que era
mais avesso ficou.

___________A insónia pernoitou

©Piedade Araújo Sol
Imagem : Lennart Bader

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terça-feira, 3 de junho de 2025

Depois do Caminho

 

Andei tão repleta, das caminhadas que fiz
e das que não consegui fazer,
que o sofrimento dos desaires e o orgulho dos triunfos
encheram-me os pés, e as sandálias de pó,
quiçá já lama endurecida.

No mapa incerto do tempo e do espaço,
na vontade de singrar
e lutar por tudo aquilo em que acreditava,
tentei _______________ caí.
E outras tantas vezes me levantei.

Passou muito tempo,
muitas luas e marés.
Hoje, olho transversalmente,
como se perscrutasse um espelho
que já nada, ou quase nada devolve.

E onde a memória não me trai
é no desejo de não voltar atrás.
Pois lá, lá é apenas um lugar inóspito,
onde nem casa, nem lembrança,
nem rasto nosso, sobreviveu.

Tudo sucumbiu,
como o pó das estradas,
das areias nos desertos,
na ausência de mim, de nós,
dos que ficaram, dos que partiram.

Hoje, quando entro,
num lugar a que chamo templo,
descalço as sandálias impregnadas de pó.
Ergo as pálpebras,
tento acender a óptica,
mas só o cansaço me escolta.

Doem-me os joelhos.
Permaneço de pé,
na frágil borda da incerteza.
E à minha frente, somente ruínas:
fabricadas pelo tempo, e pela ausência.

©Piedade Araújo Sol 2025-06-03
Imagem : Sebastian Luczyuo

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