terça-feira, 26 de novembro de 2019

A manhã glacial e enevoada

A praça está lavada da chuva que caiu
durante a noite, impiedosa e ininterrupta.
.
Os plátanos ficaram despidos
e, no ar onde se agitam estilhaços
que voam em mim como o emudecer
da manhã que rebentou glacial e enevoada,
sopro o pólen
que me agride as narinas magoadas.
.
Não sei por que o desejo esvoaça
e se ri de mim, embriagado,
apesar do frio da manhã
e depois duma noite sem sono, nem sonhos.
.
Escondo as feridas que deixaram cicatrizes
expostas, inflamadas, dolentes,
porque, ébria de ti, quero perder-me nos teus olhos
para encontrar o sentir que navega no teu peito.
.
©Piedade Araújo Sol 2010-11-23 (reeditado)

terça-feira, 19 de novembro de 2019

com as palavras


com as palavras fiz um poema
ou foi uma tela
de aguarelas(?)

elas são
mulher criança
cabelos soltos
ao vento

sorriso enigmático
porte de princesa
que parece querer
saltar da
moldura

não sei se foi poema
se foi
tela...

© Piedade Araújo Sol  2005-11-17 reeditado
Imagem: Norvhic Fernandez Austria

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Verbo Amar


As conjugações do verbo Amar
podem se sentir
num simples olhar,

por vezes
esse verbo
não se pode conjugar...

©Piedade Araújo Sol  11 novembro, 2005
Imagem : rosie hardy

terça-feira, 5 de novembro de 2019

sabes,

Foto : Arno Rafael Minkkinen

por vezes ( muitas vezes)
não são,
as palavras que magoam,

são os silêncios,

os silêncios ensurdecedores,
que sem palavras,
estilhaçam o coração.

©Piedade Araújo Sol 2019-11-02