terça-feira, 27 de outubro de 2015

Insónia do corpo

Hoje não me apetece escrever,
apetece-me apenas hibernar num recanto,
em paz com os meus devaneios.

Esquecer o sono que não chega,
presumivelmente fundeado nas masmorras,
duma insónia tresloucada.

E vestir o sonho, espantado com a minha audácia,
e despir o espanto e  o encanto,
e entoar baixinho árias inaudíveis.

E sem saberes, ir silente e sem receio,
hibernar no teu corpo, em forma de beijos,
e marés de fogo.

Hoje não me apetece escrever…

© Piedade Araújo Sol  2015-10-26

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Momentos Outonais

Perscruto um local  para absorver este
dia em que o nevoeiro,
descambou pardacento sobre o mar.

Revejo,uma tela onde o acinzentado,
cobre tudo numa imagem desfocada,
e carente de cores.

E a chuva em lâminas finas,
golpeia  a manhã,
e cai discrepada sobre a areia fina .

Cai sobre mim a melancolia,
numa névoa salgada,
que se encobre num_______ olhar.

© Piedade Araújo Sol 2015-10-19

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Beijos nus

kiki123

Choveu durante todo o dia.
Tu dizias que os dias de chuva podiam ser tão bons como os dias de sol, bastava apenas estar com a companhia certa….e eu concordei contigo.
 É verdade!
 Quando chove lembro sempre de palavras envoltas em  silêncios . Relembro o meu olhar para o telhado a ver a chuva a cair, e apenas sentir o cheiro da pele. A tua! A minha! A nossa.
Suturo fragmentos de cheiros e construo mapas na minha cabeça.
Mapas sem coordenadas, sem rotas, apenas cheiros, sensações que emergem em dias de chuva.
E chegam sussurros no seio da chuva e no silêncio de mim.
E recolho os resquícios
Das lembranças dispersas, apetece-me
Vestir a chuva
Com beijos
Mas eu dizia que os beijos eram sempre nus
E tu rias
E eu dizia que precisava
De vestir os meus com os teus beijos.

©Piedade Araújo Sol 2015-10-11

terça-feira, 6 de outubro de 2015

A saudade

 Stephen Carroll
                                                                                                                          Para Lena Maltez

Desembrulhei a saudade e deixei-a sentar-se a meu lado,
fechei meus olhos e sonhei,
recolhi um perfume embriagante de hibiscos dispersados pelo chão,
ainda húmidos do cacimbo.
Segredos inconfessados, ou apenas detalhes de tempos remotos
inundaram meu ser,
trespassaram meus ossos,
e meu corpo estremeceu arrepiado.
Embrulhei a saudade,
guardei-a em mim,
esgueirei-me para a tarde,
abandonei-me no tempo.

Enquanto uma lágrima insurrecta,
atropelava a minha face gelada,
eu desenhava no vento,
as conjecturadas cores da saudade.
Da minha saudade!

©Piedade Araújo Sol 2015-10-04