terça-feira, 25 de janeiro de 2011

É no frio da tarde






É no frio da tarde – quase dia - quase noite
Que desenho um corpo
Quase pássaro – quase mar – com tintas de sal e com cheiro de alfazema
A luz – já quase inexistente
Fere meus olhos cansados. Meus dedos sujos.
Fica a tela com garatujos de corpo
Quase pássaro – quase homem ____ na intimidade das cores

Tela : betty branco martins http://bettybrmartins.blogspot.com/

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

dos devaneios salinos



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oiço remexerem na porta e não me importo. devem ser as estrelas que desertaram do seu mundo e encontraram, por acaso, este porto – porta de madeira escura subtilmente corroída pela aragem salina.

sinto uma espada suspensa, que cairá num dia de sol sobre os meus devaneios reclinados na areia molhada, com que as minhas mãos beijam grãos na busca de conchas imperfeitas, mas únicas, como as palavras que desfio lentamente neste cordel com nós de marinheiro.



mas nada é legítimo, é tudo emprestado.



e tudo o mais é descartável.



Foto: 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Prenúncio



Do poente que se adelgaça
Levam no olhar a magia
Desfalecendo no mar por entre as águas

Uma vez mais as palavras
Morrem-me na voz
E afogam os sonhos suicidários

Há sempre um prenúncio
De fogo e tempestade
No desassossego dos momentos

Como um ciclo, vão e voltam
Com as estações
Sempre renovadas


Foto: boobibob

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

na tarde

na tarde acabada
a paixão prostrada
sem recato,

beijos trocados
corpos desnudos
palavras silenciosas,

ecos em sintonia
rendição total
e apenas unida,

deleite derretido
na noite nascida,

aromas de natureza
no luar caído
sobre os corpos cansados,.

e o luar sobre o Tejo
no beijo
que a brisa levou.
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