terça-feira, 25 de junho de 2019

Sim...

Sim!
Sonho muitas vezes.
Mas eis que retorno à realidade, em desenhos, em riscos, e nas cores
com que me enleio.
Sou sonho!
Sou riscos!
E fui o modelo com que um dia me pintaram em tons de aguarelas...

©Piedade Araújo Sol 2007-11-26

terça-feira, 18 de junho de 2019

Serenos passam os dias

Serenos passam os dias
e a obstinação se insinua
nos gestos, nos pensamentos
e no olhar gasto.

Desata essa mágoa que arruína
o ser, deixa que o mar
purifique o teu corpo
e em ti escorra o sal.

Ergue o teu olhar
ao final da tarde
absorve o horizonte
e deixa voar os teus temores.

©Piedade Araújo Sol 2019-06-17
Foto:Paul Kelley

terça-feira, 11 de junho de 2019

utopias

não se vive de utopias. eu vivo. eu sou a minha própria utopia.

tenho uma vida cheia de sonhos dispersos. renovo-os todos os dias.

todos os dias engenho novos sonhos.

um dia quando cheguei à cidade grande, trazia na tralha apenas uma vontade.

e a vontade morreu com a quimera e a realidade singrou nos destroços das ambiguidades.

eu sou a minha própria utopia transformada em júbilo ao imaginar os cânticos dos anjos, que por vezes sinto a entoarem salmos incógnitos.

eu trago o azul celeste dos céus na minha utopia transformada em devaneio...



©Piedade Araújo Sol 2007-06-09
Foto:Anya Anti

terça-feira, 4 de junho de 2019

Apenas um livro em chamas, apenas fogo

Eras um livro sem ser livro
Tinhas e eras voz
Eras repercussão transformado em
murmúrios nas tardes coloridas
de um outono que  se
metamorfoseava em verão.

Como podias ser ignorado?
Quando até o perfume se entranhava no ar que respirávamos
eu e tu.

Porque não te fechei, como se fosses um livro que não queria ler
e te coloquei nas prateleiras mais altas da estante da biblioteca?

E por cada página lida
Em cada sílaba
Em cada vírgula
Em cada ponto
Era sempre uma nova descoberta
O saborear de um novo prazer
em permanente concepção.

Porque não te ignorei, desde o primeiro momento?
Porque sinto ainda esta estranheza,
e este frio desassossegado,
onde a raiva e a ternura são fogos,
deslizantes em mim e nessas páginas,
que de tanto as ler,
e de tanto as querer ignorar,
apenas restam estas chamas em que me queimo e me desfaço,
num laço que  desenlaço,
de um corpo que resiste .

E resta
apenas um  livro em chamas , apenas fogo.

©Piedade Araújo Sol 2015-04-11
Foto: Viktor Dikanchev