terça-feira, 25 de outubro de 2011

Libertar-me



Libertar-me de ti
Seria matar este sonho
Do qual nem sei se quero ou posso.

Na morte
Feneceriam as garras que me asfixiam
E me perdem nas certezas
Das incertezas – minhas.

Deixo a liberdade de ter (sem querer)
Sonhos antigos
Rendilhados com rumos novos.

Afago nas mãos carinhos idos
Que me envolvem na memoria finda
os dias consumidos.

Meus pés ligeiros
Dançam ao som
Duma melodia anunciada
Nos confins das utopias.

E na libertação
Tenho um sonho –meu
Apenas.


©Piedade Araújo Sol
Costa 2011-10-25
Foto:  shawrus

terça-feira, 18 de outubro de 2011

deambulaçôes de uma lágrima em mim


hoje a cidade respira sol
e a brisa do mar traz-me
ecos de uma gaivota
que sobrevoa a praia
banhada pela luz .

o azul suspenso
 quase uma tela
que resvala em mim
e se espalha nos contornos sinuosos
das memórias que ficaram.

das palavras que sem querer ainda estão por dizer
e que estão esquecidas – retidas
no baú das coisas idas
tempos em cores de carmim
em sede de aventuras ao lusco-fusco de nós.
.
e os ecos
gritam  calados
não sei porque parti – de mim
nem sei os trilhos ou os labirintos
desta lágrima que deambula em mim.


© Piedade Araújo Sol
Foto:robert Lubanski

terça-feira, 11 de outubro de 2011

7


já te pintei sete vezes. sete é um número – impar. o mesmo das colinas da cidade.


por vezes meus dedos tacteiam o ar para melhor reter as cores – os azuis e tu ficas de perfil sorvendo o sol.


amornas a tarde com um suspiro enrolado em ternuras dispersas e amedrontadas com a inocência dos momentos – idos.


mas por vezes o meu desenho são apenas pedaços envoltos em neblina e cheiros de maresia.


e as cores rubras são as mesmas da tarde a derramar-se em sangue no poente.


um dia vou reproduzir os cinzentos que se formam nas tardes e nas despedidas da luz que feneceu no horizonte.


e respirar é preciso para dar vida ao meu desenho.


© Piedade Araújo Sol
Outubro-2011
Foto: _-_-_Eau_

terça-feira, 4 de outubro de 2011

na orla da noite

na orla da noite, assassinado o dia
vislumbro metáforas nas bainhas das estrelas
nos sonhos envoltos em nuvens
desfragmento nós de ternuras
nos meus dedos esguios
sem coisa nenhuma.
.
.talvez amanhã a lua se invente
nas orlas dos dias
com adereços de sol
e manifestações de afectos
na explosão das cores
impregnadas de sol-posto.
.
mas as palavras fogem-me
num esvoaçar breve
estilhaçadas em raios de luz
em sinfonia de ondas
numa pauta de memórias adormecidas
num calor de um beijo - lembrado.

© Piedade Araújo Sol
2011-10-04
Foto: asiasido