quarta-feira, 30 de abril de 2008

selo de amizade



recebi este selo através da
que agradeço
vou fugir às regras e não nomearei nenhum blogue, mas, fica este selo para todos os que me visitam e por vezes deixam a sua critica sempre bem vinda.
Obrigada a todos!

segunda-feira, 28 de abril de 2008



na tarde a areia molhada
nos meus pés descalços
também
se entranhava nos pensamentos doridos.
Mais uma vez a separação das metáforas
aglomeradas de segredos
enredos
e personagens
silenciosas
abrigadas na plenitude
duma utopia, onde
desregradas as mãos
criavam trilhos insondáveis
inexperientes
e nada
crédulos

na tarde quente e seca
mais uma vez
o olhar se perdeu em tons de maresia….

Foto:Bardgt

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Monólogo II



Meus olhos em teus olhos
São a labareda que se incendeia
Em nós
E
Os fios dos teus cabelos
São rios
Por onde os meus dedos
Navegam entusiasmados e desavindos
Devassando novos trilhos
Que os levam
Eles (os dedos)
A perder-se
Nos despenhadeiros da maciez
E da ternura
Que só eles compreendem …
E eu…
E nós..
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Foto:hoch1

segunda-feira, 14 de abril de 2008

hoje o sol está escondido

Hoje o sol está escondido.
Um aroma a magnólias inundam o meu leito, ausente do sol, o ar ténue, paira como um farrapo de melancolia em estado letárgico.
Não me apetece nem abrir as cortinas nem as janelas ...

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Foto:Drax

domingo, 6 de abril de 2008

Sonho tatuado



Sonho tatuado a fogo de monogramas de ternura
Disperso na candura das águas-furtadas de alfazemas
Escondidas na partilha de um sonho insaciado
Em manhãs solarengas ou tardes cinzentas de chamas

Nas mãos trémulas cobertas de fascínios irrefreáveis
A tatuagem forma-se livre do sonho fundeado
Deslizando em espirais e ecos de afáveis murmúrios
Com os dedos sempre enlaçados em toadas uníssonas

E lá fora a cidade fantasma é uma ilusão impertinente
Onde os rostos não sabem nem sequer imaginam a tumulto
Do teu e do meu corpo voluteando nos próprios sentidos

Envoltos em planícies de trigais numa volúpia crescente
Incendiámos a nossa pele em fogos-fátuos alvoroçados
Na pira em que ardemos abraçados no sonho tatuado.

Foto:Kasik

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Pensamentos de um cão chamado Adolfo


Sou um cão a quem puseram o nome de Adolfo. É um nome esquisito, mas eu acho-o fixe.
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Vivo com o meu dono, que é um chato. Chato é pouco, é chatérrimo, mas que posso eu fazer… afinal eu não escolhi o dono que tenho, ele é que me escolheu a mim. Ele nem sempre é chato, por vezes é um bom dono, mas irrita-me quando vai surfar e não me leva. Eu bem faço cara de mau e fico amuado como um cão vadio, mas ele quando embirra que não! É não mesmo.
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Leva-me todos os dias a passear, é certo, mas gostar mesmo é quando ele me leva a passear pela praia. Ele leva uma bola e brinca comigo, pareço um maluco a correr atrás dele e da bola.
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De vez em quando arranja umas namoradas. As namoradas dele nunca gostam de mim, dizem que sou muito grande e por vezes chamam-me nomes que o meu parco vocabulário de canino não atinge muito bem. Elas são meio malucas, acho que é por isso que ainda não casou, mas também não sei se há tempo ou idade para isso. Para casar, pelo que sei, os humanos assinam um papel e depois são casados. Nós, os cães, não precisamos disso. Acasalamos e pronto.
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Quando ele acaba com as namoradas, eu fico feliz da vida. Acho que ganho mais passeios pela praia, mas ele fica cabisbaixo e anda triste como uma lata de friskies fora de prazo.
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Uma vez achei que ele ia casar mesmo. Essa namorada era diferente, talvez ainda mais maluca do que todas as outras. Ele chamava-lhe doida, mas era a brincar… ela não era nada doida, nunca entendi porque lhe chamava isso, mas um canino não pode entender tudo. Lembro que um dia afagou-me o pêlo e disse:
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-Adolfo, eu amo essa doida.
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Acho que a amava mesmo, mas ela um dia disse que ia embora, que estava farta do mar, e foi mesmo! Nunca entendi, mas há coisas que não são mesmo para entender. Se ela estava farta do mar, por que entrou pelo mar dentro num dia de temporal?
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Fazia frio nesse dia as ondas estavam alteradas e ela disse-me:
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- Adolfo trata bem do teu dono, chegou a hora de me ir embora.
.Trancou a porta da entrada e saiu directamente para a praia. Eu ladrei a plenos pulmões, mas ela olhou-me com o olhar absorto como se já não me visse e saiu rapidamente. Entrou toda vestida no mar. O corpo foi devolvido na manha seguinte à orla da praia.
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O meu dono andou desamparado. Acho que ainda anda… ele nunca entendeu porque motivo ela disse que estava farta do mar...
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Puseram-me o nome de Adolfo… que nome esquisito para chamarem a um cão
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Autor: ©Piedade Araújo Sol 

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