terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

És nome

Benjamim Zank
O céu é um azul, meu cerrado de vocábulos,
e meu olhar em auscultação,
pesquisa por entre as nuvens,
um rasgo teu,
um símbolo,
um  desenho,
expressivo ou não,
em tons de vida,
ou em tons
de   sépia.

E em tardes extintas,
és nome que os meus lábios,
ainda murmuram.

©Piedade Araújo Sol 2015-02-18

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Tentação



com os pés no abismo nada me prende nem o medo
abro os braços à vida e sorvo o momento
tudo é tão imenso e puro e numa prece agradeço
o ar que respiro
o céu que me acolhe
a coragem está escondida encapotada
algures dentro do meu peito e sei que
basta um impulso breve
um suspiro quiçá profundo
um momento apenas para
deixar-me cair leve como uma pluma
deixar-me levar inocente e sem rumo
pelo vento agreste
pelo sonho meloso
não penso e  desnuda de tudo
quase não respiro nem me comando
só vejo uma luz intensa a inundar-me
que me cega sem cegar
que me atrai como um íman
fecho os olhos

e
flutuo
num sonho branco
e ganho asas e voo como os pássaros
rumo ao azul.

Autor: Fê blue bird http://sotepeco5minutos.blogspot.pt/    e ©Piedade Araújo Sol

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Estados de alma

Arseny-Semyonov

Estou uma ausente de mim.  Quero andar por aí,
sem rumo.
Quero sentir o vento nos meus cabelos,
e o frio a cortar-me a face descoberta e lavada,
como estilhaços agrestes.
Não tenho nome,
apenas um olhar no acaso do destino.
Hoje,
nada me prende.
E vou com o brilho do dia,
nas asas que se querem desembaraçadas.


©Piedade Araújo Sol 2015-02-14

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Cicatrizes


Lord Kevinz
Subsistem ainda todas as cicatrizes,
neste peito cerceado de
fracções de memórias
hibernadas num corpo
em permanente calcinação.
Se o tempo não extinguir,
um dia saberás o que resta
em resquícios de bálsamo na pele
e penumbras nas tardes fenecidas
por entre o eco do mar a esvair-se.
Então serei as cinzas expelidas ao vento,
e a luz sobrepor-se-á à carência
de auscultar os sons que nunca
chegaram no voo dos pássaros
nem nos barcos que fundearam.
E as cicatrizes serão somente
sonhos suturados nos azuis
que eu sempre semeei nesse mar
e nessa praia de areia fina
onde os silêncios(meus) soterrados estão.

©Piedade Araújo Sol 2015-02-05

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Detalhes


Saul Landell
Para Maripa

A sapiência que leio no teu olhar, apazigua o meu medo
e o calor de um abraço teu em forma desse olhar,
é só o que eu preciso.


Escrevo como um pássaro voa sem rumo


Sem razão ninguém me roube esse prazer,

de escrever em tudo, até nas águas
serenas ou por vezes amotinadas.


Deixem-me escrever e mesmo que ninguém leia,

não faz mal,
é jeito meu, apenas.


E para não chorar,

deixem-me voar nas palavras ,
por vezes sem nexo (?)


Ou do que só eu entendo e nunca ninguém quis entender.


All rights reserved ©Piedade Araújo Sol 2015-02-02