terça-feira, 28 de julho de 2015

detalhe




Mariam Sitchinava
a cicatriz
lacerada
profunda
a lembrar o golpe
cirúrgico.
breves vestígios
ficam na mente
e na pele.
a vida é um fio ténue
que desliza
na impotência do momento.

©Piedade Araújo Sol 2015-07-27

terça-feira, 21 de julho de 2015

ao fim de um dia

Angel Blue
ao fim do dia, retorno…todas as tardes a ver o mar,
muitas vezes acho que ele me observa também,
e na linha do horizonte a minha vista perde-se,
voluntariosa e expectante.

©Piedade Araújo Sol 2014-12-30

terça-feira, 14 de julho de 2015

Um dia




Um dia far-te-ei um poema
sem letras
sem palavras
apenas no meu olhar.

Nessa tarde os velhos da praia

Questionar-se-ão
o porquê
das gaivotas estarem tão desassossegadas
e o mar estar tão calmo.

E talvez os bares da praia se mantenham abertos
durante a  noite inteira
porque os relógios estão parados no tempo
e ninguém deu por nada.

E os barcos não foram para a faina
e nesse dia os velhos da praia acordarão quietos
a olhar o mar e
a ver o sol nascer.

 © Piedade Araújo Sol 2015-07-13

terça-feira, 7 de julho de 2015

Imagem serena

  Para Francisco Simões (Escultor)
Existem dedos que são rios
que em vez de água desaguam
arte
no âmago das pedras e do gesso.
Mãos que são rios
com caudal inextinguível
no silêncio dos sentires
impregnados de ternura.
A beleza alongada
em forma delineada
imagem imóvel
mas plena de  vida.
Mãos que por vezes são
archotes de fogo em fúria
loucura branda a gotejar
imperceptível e inebriada
Mãos renascidas ao alvorecer
quando a luz  é fosca
e ainda não fere o olhar
de beleza serena.
E nascem imagens
com contorno de vida
e quiçá sensualismo
com cor, alma  e vida.

©Piedade Araújo Sol 2015-07-06

Nota:A foto é de minha autoria e a imagem retratada é uma escultura de Francisco Simões.