sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Partida

Estou de partida, tentei arrumar todos os meus sonhos. Meu Deus mas são tantos, tantos que, e, embora os metesse com força para dentro do baú das memórias, eles emperraram e ficaram assim por aí dispersos.....

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Não quero

Não quero essas marés
Essa praia
Esse esconderijo de mim
Inútil essa ária
Não quero fazer parte
Desse puzzle
Tão complexo
Tão sórdido
Tão desditoso
Não quero
A crespidão da luz
Em meus olhos doloridos
Não quero a tristeza
Aglomerada nas areias
Dessa praia

E caminho entrando nesse oceano
E sorrindo às águas
Essas são puras

E assim asfixio
Este bulício que se extingue
E diz
Não quero!!!!!!

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

É tarde




É tarde
 Os nossos momentos são fugazes 
São migalhas de tempo 
Que se transformam em restos de magia
 Que correm como o vento
 Nas palavras que não dizemos
 E nos olhares que não trocamos 
Tudo se desvanece 
Nesse momento emprestado
 Por entre o fumo dos cigarroscom luzes néon a incidir
 Os espaços compartilhados
 Por pessoas doutras paragens 
Cai a tarde quente de Julho 
Que antecede a noite morna e dolente 
Que nos transporta aos sonhos irreais
 Espalhados nos pensamentos
 Que repousam nos momentos 

É tarde.....

©Piedade Araújo Sol  

domingo, 4 de setembro de 2005

Encenação

Grito com a boca cerrada
e os punhos contraídos

Mas meu grito não sai
extinguiu-se, e minha voz se perde
no eco das montanhas
confunde-se com as nuvens
que embirram em cobrir o céu

Debato-me e imploro
Não quero
Não sou
Não estoue engano-me
vou por onde não quero
pois nunca terei audácia
para ir por onde quero

Esta não sou eu
é a outra

E o grito sai trespassando a noite
que se enrodilha comigo
e em tudo o que existe
sem existir
e onde eu a outra

Sem sentir
abraça o vácuo
da encenação


©Piedade Araújo Sol 

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

De perfil


Sacudo a cabeça
e tiro este véu rendilhado que me cobre a face
 ofereço-te assim meu sorrir
solto de ironias
 meu corpo sequioso de paixão
 qual labareda que consome tudo ao seu redor
 quero amar sem reservas
 e fazer-te feliz
 nem que seja um instante
 ou uma eternidade que se sacia nesta lava de desejo…

Ensina-me

Ensina-me como aprenderei a contar 
As areias da praia
 Sem as espalhar
Como juntar as nuvens 
Sem as esfarrapar 
Como nadar no rio sem me molhar 

Ensina-me a amar sem sofrer
 A ter sem saber 
A compartilhar e receber
 A dar e perder

 Ensina-me a voar
 A ter asas e as merecer 
A usar as palavras 
Sem as estragar
E sobretudo 
Ensina-me a ficar

 Aqui a olhar
 O vaivém das ondas do mar…

© Piedade Araújo Sol 2005-09-01

In Ecos Pag.43