terça-feira, 31 de agosto de 2004

Paradoxo

É sempre nas madrugadas que as recordações me assaltam o cérebro, povoando-me de recantos e locais onde nunca estive, nem estarei e que conheço tão bem. É contraproducente, e no entanto sinto que tudo aconteceu, pois as memórias estão aqui intactas, e não se esfumaram com o tempo.

Tento pintar os locais, mas as tintas espalham-se na tela, e não consigo nem uma paleta de cores que façam sentido, pois não consigo retratar a beleza que guardo aqui na retina dos meus olhos.

É impensável, já tentei de todas as maneiras e o caixote do lixo encontra-se ali atulhado de papeis com riscos, rabiscos, borrões e nada de concreto visível ou palpável.

Amarfanho os esboços e atormentada fecho os olhos, tentando neste gesto possante prolongar as recordações para um recanto clandestino do meu cérebro