domingo, 12 de setembro de 2004

Medo

Tu sempre soubeste, e eu nunca olhei para trás. Tive medo. Sempre quis olhar só em frente.
Tu disseste “Amo-te” e eu acreditei, e tive medo, muito medo que tudo fosse fascinação.
Mas tu não!! Tu sempre soubeste que me amavas, que eu era uma parte de ti perdida algures em partículas finas e translúcidas, nos teus sonhos vividos.
Porque o teu olhar pousava em mim e tu revivias, como um adolescente? Porquê? Se eu só te dava o meu medo. O medo de te amar.
Penso que tu nem sequer sonhas a companhia que me fazes. Embora haja continentes a separar-nos, embora tua voz me chegue longínqua e gutural, e me desperte sentimentos anestesiados e irreveláveis.
Eu não posso mudar a verdade, e essa, só nós dois é a que a sabemos.
Não me abandones. Quero ouvir os teus diálogos secretos que se transformam em silêncios.
Ironia do destino ou não?!!
Tenho medo, um imenso pavor que tu um dia me digas “Amo-te”, e eu não acredito.
E chego à ilação que foi só uma palavra, que tu não sentes nem nunca sentiste nada por mim.