terça-feira, 25 de agosto de 2015

Leio palavras que escrevi




Leio palavras que escrevi,
outrora ao lusco-fusco,
quando os barcos ainda estavam no cais,
e as gaivotas estavam aquietadas.

Depois de tanto tempo,
ainda não extingui os vestígios de ti,
e é necessário porque e só assim, é que  talvez
ouso voar nas tardes sem destino ao sabor do vento .

Sempre subsiste algo a esvoaçar
por vezes ,meramente um odor
um som, a lembrança de um local
algo ténue, que fica e está___presente.

Sabes eu não tenho alibi
para esta saudade indefesa
que escoa, por vezes robusta e sem pudor
por todos os poros da pele.

Apagar todos os vestígios de ti,
é urgente e necessário,
porque a tua partida para o reino dos anjos,
nunca terá retorno.

©Piedade Araújo Sol 2015-08-24

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Era tão fácil inventar palácios


Era tão fácil inventar palácios
alvoradas com fragrância de maresias
e ciclones plenos de tráfego e cores.

Era tão fácil deixar descambar minhas mãos
no calor infinito que entornava de ti
e beijar teu beijo repetidamente.

Nessa altura eu não sabia
da força que tinha, e da coragem entorpecida
que sustentava nas profundezas de mim.

E a poeira dos dias formou uma camada fina
quase imperceptível nas janelas do tempo
do tempo em que eu nada sabia.

 Hoje sei ainda menos do que julgava
só sei que a saudade e similarmente o silêncio
vive alimentado pela falta de ti.

 ©Piedade Araújo Sol  2015-08-02

terça-feira, 11 de agosto de 2015

A filosofia da vida

ira zhuyka dzhul
Anda sempre no fio da linha
mas nem por isso, repudia as suas opções
e por acelerados instantes
ondula em sonhos que acumula
e que têm a simbiose
de todas as cores do arco-íris.

Mesmo quando o fio da linha
se fragmentou desamparado em ínfimos detalhes
e apenas restou um precipício negro e sem fundo
cerceou o olhar na sombra e pintou-lhe
uma asa
no pico dos insucessos.

E se nada é perfeito
uma asa solta apenas distorce
um voo inglório  no mundo dos humanos
que gostam de agarrar a luz difusa
mesmo quando ela deixa de brilhar
e o olhar é apenas e só um olhar.

©Piedade Araújo Sol 2015-08-09

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Barco de Papel

julie de waroquier
Escrevo,
que as minhas mãos
estão mergulhadas nesse silêncio
que por vezes invento
na cidade que me abrigou .
E,
por vezes descubro sítios
já tão calcorreados
mas  que nem desfrutei
nesta solidão de mim.
Sei,
que  a cidade me tem
mas agora impera um vácuo
desde que um pássaro esvoaçou
para um destino que não desejou.
Então,
desde esse dia as minhas mãos
enlaçam este barco de papel
que  sendo de papel
até podia ser o teu barco.

©Piedade Araújo Sol 2015-07-27