terça-feira, 25 de novembro de 2014

a menina dos olhos cor de mar II

Joanna wedrychowska

por entre os meus dedos deslizam cheiros de mar,
por vezes fecho as mãos para melhor manter o seu odor e descodificar a sensibilidade que corre em mim e que eu nem queria,
mas sei que a culpa (se existe) é minha, e que hoje já nem sei porque mares mareiam as cores do teu desenho,
relembro que às vezes me apelidavas de, "a menina dos olhos cor de mar"
e a tela que coloriste da menina dos olhos cor de mar, continua dependurada, rente à janela defronte do espelho grande debruado a talha dourada, para que através do seu reflexo também ela (a tela) veja (sempre) o mar.

 All rights reserved ©Piedade Araújo Sol 2014-11-24

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O teu nome será sempre um eco em mim

mariusz1972

Um dia,
quando o poema te for companhia,
e palmilhar os silêncios e segredos,
que ainda subsistem em  ti,
não medites no tempo desertor,
mas apenas no que ainda terás de,
habitar enquanto  te for essencial.

Saberás,
então que nas minhas mãos sempre,
existiram pássaros insurrectos que tu nem,
entendias quando o meu semblante se metamorfoseava,
e os meu olhos  eram mar,
e meu corpo era um porto.

Talvez,
e nalguns momentos, apenas, um porto ancorado.
mas, há sempre novos portos, e outros barcos
que anseiam por  chegar,
e quiçá sempre, ou quase sempre, aportam
para voltar a partir.

Sabes,
que  em  bandos as gaivotas sobrevoarão
a praia, e então ouve o seu grito, porque no eco delas
e no meio do meu  silêncio,
o teu nome, será sempre um eco em mim.

©Piedade Araújo Sol 2014-11-17

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terça-feira, 11 de novembro de 2014

a inspiração nos trilhos dos dias

 Sergio Cerchi
ao entardecer, tu vinhas no voo das gaivotas e nessas tardes meus dedos eram pássaros desavindos que voavam nas palavras,
por vezes era a hora da chegada dos pescadores da faina no mar e tudo se agitava à minha volta com mais cor a até outras simbioses,
mas eu alheava-me e escrevia ao compasso da maré a bater na areia.
sabes, dentro de mim  existem pássaros (muitos), que cantam e soletram em árias as letras, que saem dos meus dedos, em sílabas, por vezes afogueadas do calor e moribundas de frio,
e nessa altura eu escrevo, e sei que sou eu, e que as palavras são pão que um dia alguém vai ler como alimento para a alma.

All rights reserved ©Piedade Araújo Sol 2014-11-07

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terça-feira, 4 de novembro de 2014

um voo imprevisível

  Elizabeth Gadd
Um voo imprevisível,
um grito alucinante,
um eco 
um frio no corpo e na alma.

Fragmentos de memórias que tombam
desamparadas,
e a minha mão a querer agarrar a tua
que não aparece,
que se metamorfoseou em nuvem
que sobrevoa os céus
e foge,
foge,
ante meus olhos e minha mão desprovida,
que cai inerte e sem força,
nestas letras ilegíveis,
como folhas soltas ao sabor do vento e 
do voo das gaivotas,
que levam o teu nome.

Em eco de maresia,

©Piedade Araújo Sol 2014-11-03

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