terça-feira, 30 de abril de 2019

recordação


kyle Thompson.
.e quando a noite caiu
arrumei meu sentires
deitei-me na cama
apaguei a luz
desatei as recordações
revi-me em ti
tuas mãos nas minhas
minha cabeça
pousada em teu peito
assim adormeci...

©Piedade Araújo Sol  2006-04-16
(este poema pode ser lido nos dois sentidos)

terça-feira, 23 de abril de 2019

Em cada folha branca

@joancarolphotography.
.Em cada folha branca, desenhei um rosto
Em cada desenho, escrevi uma frase

Em cada frase, inventei um poema
Em cada poema, lancei uma mensagem

Em cada mensagem, fiz uma oração
Em cada oração, procurei a paz

Encontrei a paz. Sempre numa folha branca
Em que um dia desenhei um rosto...

©Piedade Araújo Sol 2006-04-12

terça-feira, 16 de abril de 2019

Sei de um local,

no cimo de uma escarpa,
onde os líquenes enfeitam os troncos das árvores,
e  as pedras parecem ter vida,
e os pássaros tagarelem voluteando em bando,
vezes outras  passeando em meu redor.

e o mar perto do meu olhar,
em pedaços de azul  e maresia,
sobre a areia amarela,
contemplo as ondas a espalhar algodão macio.

sei de um lugar onde ninguém me ensinou a voar
e eu voo nos meus delírios, enlaçada
ao  sabor do vento descompassado e morno
quase sempre ao tombar do dia.

prometo que um dia  destes
levo-te ao cimo da escarpa  voar comigo
só tens de acordar as manhãs
e pintares o sal na pele
e o sol no olhar …
©Piedade Araújo Sol  2019-04-15
Foto: alcove (adam andrearczyk) 

terça-feira, 9 de abril de 2019

Desencontros


Sergio Mañana
. Sei que o pior dos desencontros
É o querer fugir da colisão
Seja reminiscência
Ou tão meramente algo ou ninguém
Coisa surreal, esta
Que me faz espantalho de mim
E
Dos fantasmas que sonâmbulos
Divagam pelo meu mundo
E por aí
Embebidos de demência a gotejar
Medos
Ou até e só
Sonhos em contramão
.
©Piedade Araújo Sol  2019-04-08

terça-feira, 2 de abril de 2019

Futilidades

Adam Bird
quando me esqueceste, os teus olhos assemelhavam-se a uns olhos de cão e a tua alma tinha simbioses de voos de pássaros exóticos.    não sei porque me lembro sempre da curva a esvair-se em ti e tu a esvair-se na curva da minha e da tua e da nossa vida.

o meu corpo em cima dos saltos altos.   altos.   tão altos que me faziam mais alta que tu. o vestido – encarnado – a me aprisionar os movimentos que se queriam lestos.  foi o último dia que usei saltos altos e que usei essa cor.  esqueceste-me como um dardo lançado ao acaso num dia sem hora sem estação sem mágoas.  simplesmente. esqueceste-me.   e voaste para o mundo das gaivotas que sobrevoam o mar e por vezes o rio.
.
©Piedade Araújo Sol 2011-03-15