terça-feira, 28 de outubro de 2014

Deambulações do corpo


Entra no mar e
deixa que a  água te purifique
até à alma.
Na luz que ainda escoa, 
com a mornice recente do sol
vai até onde conseguires ir.
E serás feliz,
nessa liberdade escolhida,
que não magoa nem cansa.
Regressa-te,
quando as aves se recolheram,
aos ninhos.
E no silêncio da tarde,
lembra que é outono,
e que novamente amanhã,
os teus sonhos estarão contigo.

©Piedade Araújo Sol 2014-10-27

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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Conjecturas

Dark Ligt
Hoje
Nesta tarde quente de outono
 Recolhi uma folha perdida
Morta e esquecida na praça
E coloquei-a na mesa da entrada
E sem esperar pareceu-me que adquiriu 
outra cor 
Talvez outro sonho  futuro
Que mais tarde registarei 

Por vezes as palavras são apenas imagens que nos
Entram pelo olhar ou no olhar e que ali permanecem
À espera de serem coloridas ou quiçá esculpidas
Em papel
Numa tela
Ou em pedra
E então as imagens ganham forma

Por vezes uma tela não representa
A imagem ou uma imagem
Mas sim muitas ou nenhumas
Pois não são fidedignas com o olhar
Por momentos não sabemos que palavras dizer
De que cores as podemos pintar
Mas elas lá estão na óptica de quem as imagina e lhe dá forma
Ou conteúdo

Espreitam apenas o ou um momento
Que o autor lhe quis conceder

©Piedade Araújo Sol 2014-10-20

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Carta inacabada com palavras soltas e aromas de azuis

Não sei escrever cartas, e, acho que nem sei escrever nada, a não ser relatórios técnicos e teóricos mas por vezes a necessidade de escrever outras coisas é tanta, que penso ser algum defeito de  génese que nem tem explicação lógica.
E escrevo palavras, que resistem no papel que depois amarfanho e deito para o cesto dos papéis.
Desesperadas jazem esquecidas magoando-me a visão e uma certa melancolia invade-me, e por isso escrevo-as novamente.
Aqui nesta cidade as palavras que te escrevo ressoam em mim e acho que têm um significado diferente, mas isso são conjecturas minhas(só minhas).
Se tu as lesses irias entender, mas, eu sei que não chegará a ti, é uma carta sem destinatário, apenas palavras soltas, que te queria dar, como se fossem beijos , e que o teu olhar em tons de cinza e verde, acariciasse lentamente.
Com as minhas mãos escrevo palavras e grito-me em cores que tingem o (meu) SER e mergulho calmamente numa miragem alienada rubra e viva nos meus sentires, e quiçá com aromas de azuis.

Palavras, palavras, apenas palavras, nesta carta-viagem, sem rumo, sem tempo ou espaço no teu tempo, que também é o meu e o teu sem que o saibas.
E ficam escritas apenas palavras que nunca irá ler…

©Piedade Araújo Sol 2014-10-06