terça-feira, 28 de julho de 2020

Sem Fronteiras

Sem fronteiras
desenho letras - no âmago
dum país.

Fico a cismar
nas palavras desarrumadas
no interior de um livro
feito de letras cintilantes
com fragrância de sargaço
e fios de água.
.
Por labirintos – em fogo
avanço
com o sol a entornar-se
no asfalto – quente.
.
No interior dum livro
existe um país

. feito de poetas – dizem.
.
©Piedade Araújo Sol 2010-07-27

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terça-feira, 21 de julho de 2020

Barco de Papel


Os teus olhos,
onde o brilho com reflexos
das águas geladas e cristalinas
com as cores do arco-íris
repousa paciente,
lembram-me os fiordes da Noruega.

E a calidez dos teus olhos,
derretendo todos os icebergs dos meus,
adentra-se-me irreversível.

Ancorada num derradeiro porto,
de onde decifro o próximo destino,
colho os teus remos,
num brinde
à memória inesgotável de afectos e,
em noites de insónia,
olho a saudade contigo no cais à luz da lua.

Iço as velas nessas vigílias e,
com as mãos cobertas de ti,
bebo a luz que ainda tenho dos teus olhos
e voo para ti num barco de papel.

©Piedade Araújo Sol 2009-07-21
Imagem: viktoria haack 

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terça-feira, 14 de julho de 2020

escrevo esperança e fé

alongo a palavra
instintivamente como se a minha mão,
resvalasse um pincel com cor _________verde.
.
escrevo esperança,
e como se quer verde___________ cesso essa cor,
e alio todas as outras de que sou capaz.
.
em espiral, catadupa de cores,
formam todas as cores do Arco-íris,
rabisco ___________fé
.
fica esperança e fé_______coloridas,
juntas, serão hoje e amanhã,
bálsamo em nossas súplicas.
. ©Piedade Araújo Sol 2020-07-13
Imagem:Ilya Kisaradov

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terça-feira, 7 de julho de 2020

A memória


A memória é um campo de batalha de onde saímos acossados.

É tarde, tão tarde, que se faz cedo
Pois já descortino o nascer do sol
E nem me apercebi da noite
As memórias acorrentam-me
E o sono é uma espécie de labirinto

Onde ele não existe, e a vigília
Ressurge todas as memórias
Que julgava estarem dissolvidas
Nos confins dos meus neurónios
Cerrados em portas intricáveis

É cedo tão cedo
E eu vejo um dia pela frente
Com tanta memória
A atropelar-me o corpo
Exausto das insónias constantes

Abrir os braços e respirar o ar puro
Que me entra pelas janelas que abri de par em par
Deito meu corpo, fecho os olhos
E espero que a memória mais bela que guardo
Tome conta de mim
E me deixe sonhar_________apenas isso.

©Piedade Araújo Sol 2020-06-27

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