terça-feira, 27 de maio de 2025

Poeta Incógnito

 

Conheço um Poeta de alma leve,
que sorri e brinca com as palavras,
como se fossem flores frescas,
trazidas em sementes pelo afecto do vento.

Traz sempre um sorriso a esconder a mágoa,
fala com os olhos e deixa mensagens
em tudo o que toca, e no que imagina,
em metáforas soltas por ruas vagas.

Lembra a manhã pela claridade,
o dia pelo sol, a tarde solarenga,
e delira com a chuva que cai
em pleno verão, purificando a alma.

Gosta de dançar à chuva,
de cantar ao espelho e olhar as aves,
nesse mundo onde pulsa
como mensageiro de paz e esperança.

Conheço um Poeta tão hermético
quanto transparente, que espalha saber,
calma exterior, vida e amor.
Um Poeta que nem sabe que o é.

©Piedade Araújo Sol 2025-05-27
Imagem : Brooke Shaden

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terça-feira, 20 de maio de 2025

Quando o Silêncio Fecha a Porta

 

O fim das demandas,
pode ser pedra lançada,
arma em punho,
corpo arquejante,
afundado no sem nexo,
alheio à lucidez.

Há tanto mistério oculto,
tantas vozes caladas,
corpos enfraquecidos,
sonhos desfeitos,
na intimidade cruel do silêncio.

Não digas o que não sentes.
Não desperdices palavras.
Não penses por ninguém.
Não descures a delicadeza.

Nos dias que se esvaem,
nas noites que começam,
e nas dores que persistem,
quando o silêncio fecha a porta.

©Piedade Araújo Sol 2025-05-20
Imagem : Martin Marcisovsky

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terça-feira, 13 de maio de 2025

Casa Sem Trancas

pela janela entreaberta,
a primavera sopra uma brisa,
com cheiro de terra molhada,
e a vontade de dançar descalça,
na areia da minha praia,
entoando canções de sol,

queria escrever um poema,
talhado em brisa marítima,
com aroma de maresia,
porque a poesia, para mim,
é uma casa sem trancas,
onde terás sempre entrada,

sou eu quem guarda a chave,
mas se teus passos ressoarem,
no silêncio e nas metáforas,
a porta se abrirá nas poalhas,
da poesia que espalhei por aí.

Autor : © Piedade Araújo Sol 2025-05-13
Imagem : Ilya Kisaradov

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terça-feira, 6 de maio de 2025

Canto porque me apetece

Eu, que não sei cantar,
canto à chuva,
canto no duche
e quando me apetece.

Canto porque sim
mesmo fora do tom,
desafinada ou não,
vou com alma e coração!

E lá vou eu,
com voz de pardal ao léu,
a rir-me de mim:
sou estrela, sou festim!

Se o mundo me escuta
ou foge a correr,
pouco me importa,
eu só quero é viver!

E troco o passo,
e bato o pé:
quem canta é quem é!
A tristeza já lá vai!

©Piedade Araújo Sol 2025-04-28
Imagem :  Shelby Robinson

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