quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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… devolvo ao rosto da lua o meu olhar feito suplica. quero adormecer na praia a ter as estrelas como se fossem anjos a protegerem-me…
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Foto:Graça Loureiro

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Metáfora de uma página em branco


No feitiço incontornável
de uma página em branco,
ensaio a vontade crua
de esgotar-me na metáfora
com golpes de sílex
a raiar o cego vandalismo.
.
Refugio-me sem medo
em ataques desconexos,
enrolo-me impávida
no desassossego
da tarde empoeirada
que me habita…
.
Quero despir-me de tudo
no verso dessa página
sem mácula, onde apenas
ficará a imobilidade
do meu olhar no vazio
cegamente preenchido…
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2008/02/22
A Foto é do Paulo Rebelo Lorient
http://www.olhares.com/paulolorient /

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Palavras doze


Lanço as palavras que se perdem
Nas areias quentes
Sonho madrugadas com
beijos ao vento que corre
Passeio na praia
quando o ocaso
se forma no poente
Trago sempre um sorriso
nos meus olhos de esperança
que se reflectem nas águas
do rio que corre
feito poema...
(em resposta ao desafio do http://codornizes.blogspot.com/ do huckleberry friend)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Rio de Saudade

O teu nome num rio
de saudade, correu em mim
quando o sol se escondeu
no poente envergonhado,
ancorado em nuvens
desenhadas nos meus olhos.

Um calor novo inflamou-se
dentro do meu peito
num rio de fogo em chamas
trazido pela brisa
estonteante, ofuscada
pelo ardor desse instante.

Nessa tarde feita cúmplice,
eu sorri à cidade que te habita
e, nascido das águas do rio,
olhei o teu vulto reflectido,
rosto de esfinge ou de arcanjo
no espelho onde meu te revi.

E na cidade onde a noite
o seu manto sombrio estendeu,
as estrelas sorriram comigo
e, nos meus lábios, um sussurro
num rio de ternura se formou
quando o teu nome,
baixinho, então articulei.


2008/02/13

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Memórias

















Recordo e vejo, assim, um corpo,
oblíquo, a saborear um beijo imenso

que num ensejo se prolongava.

Um corpo franzino
que se transfigurava,
num ímpeto,
em pluma mansamente inclinado
sobre uma labareda, inapagável,onde as mãos
se perturbavam na maciez da ternura.


Um corpo que voluteou num sonho,
partilhando uma planície pejada
de lilases embriagantes, cuja fragrância
se confundia com a união
de dois corpos em desalinho.


Recordo e sinto um beijo perdido,
algures, quase imperceptível,
ali sobre uns ombros desnudos.
Beijo tão puro, tão avassalador,
metamorfoseado em ciclone
varrendo a minha pele
coberta a jorros de mel no areal.


Recordo e vejo um momento,
de sortilégio, um devaneio que guardarei
perpetuamente
no meu caderno de memórias arquivadas...

2008/02/03