domingo, 14 de março de 2004

A poesia

Procurei como quem procura algo para subsistir
Sem rumo certo
Procurei nas veredas vazias
Nos sorrisos discretos
Nas manhas claras
Encontrei muito e pouco
Encontrei tudo e quase nada
Encontrei um beijo esquecido
Uma lágrima ilícita
Uma mão sem nada
Encontrei pessoas enleadas
Renuncias
Amores
Ódios
Aeroportos
Diferentes ou quase iguais
Longos
Pequenos
Não encontrei muito
Não encontrei pouco
Procurei como quem procura algo para perdurar
Não te encontrei
Em forma humana
Nem sabores
Nem cores
Nem odores
Nada nem ninguém me fascinou
Mas sempre que posso
És tu que chamas
E
É em ti que eu me abrigo
Me perco
Me encontro
Me desespero
És o meu amante
A minha droga
O meu narcótico
Tudo se vai tudo se dissipa
E no fim eu volto sempre
Sempre
Os teus braços são o meu antro
O meu porto inevitável
Tu estás sempre presente em tudo o que sou
Em tudo o que faço
Ninguém saberá
Mas tu ésSerás sempre o meu amante clandestino
Predilecto
Discricionário
Eu sei que nem eu
Nem tu
Jamais nos conseguiremos desagregar
Mormente tu estarás sempre comigo
TU
Minha POESIA