por entre as palavras
abandonaste-me, por entre as palavras
das páginas, que entretanto abri
e que depois escrevi
no meu próximo livro.
não me levaste contigo,
não sei se te perdi, e acho que não,
porque eu nunca destruo as palavras, que te dão vida e me lembram
aromas, e onde por vezes
completamente desordenadas, consigo encontrar algum fio condutor
para as apaziguar. depois esqueço-as
pelo simples prazer de ter novamente a tarefa
para as voltar a arrumar e desarrumar.
escrevo-te no poema que dependuro na alma,
folheio-te nas passeatas junto ao mar,
e mesmo que não me levasses contigo,
eu nunca me desabriguei das letras,
com que te posso inventar, escrever, ou
simplesmente
amar.
©Piedade Araújo Sol 2013-10-28
Imagem : Christine Ellger
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