terça-feira, 26 de agosto de 2014

Fragmentos

Eu sei que  o olhar que te presenteei era efectivamente para ti,
porque mo devolveste e eu novamente sorri.
O sorriso por vezes é um porto, que sempre esteve no mesmo local,
e, nem sempre embarcamos, no navio que chegou e que partiu.

Por momentos um oceano é tudo, e por momentos nada é,
senão uma parcela de água salgada,
e muitas distâncias.

Mas a tua liberdade, não mora em mim, nem nesse porto quieto,
é uma coisa tão só tua como o fogo,
em combustão, e que um dia reacende sem ninguém aguardar.

Sabes, a saudade é apenas um momento,
mas que se transforma naquele pequeno grão de areia, que nos massacra
e nem sempre o conseguimos deitar fora.

O  teu olhar em mim e o meu sorriso em ti
É mais que a saudade finda
É mais que o mar ou o rio.

É mais que as palavras que tu lês e nem sabes porque as lês

©Piedade Araújo Sol 2014-08-25

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Nas minhas mãos


 Para T.Alves.
Tenho nas minhas mãos,
toda a ternura que aperfeiçoei,
através dos tempos num percurso,
cheio de histórias,
na vivência de acasos.

Há silêncios,
que não se ousam romper,
na noite em que se deslaçam nós,
e se defrontam marés,
ou apenas ecos imperceptíveis.

E os medos, que se desmancham,
com o tempo e o vento,
no esboçar de um sorriso,
nú,
e autentico.

E sem destinos nem trilhos,
as minhas mãos em jeito de rio,
ou mar,
apenas te oferecem a singeleza,
de palavras leais.

©Piedade Araújo Sol 2014-08-18

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Estados de alma



Somos o que somos:
Apenas o que nos braços cabe
E o fios que tecemos em cada rosto...
Manuel Veiga


Por vezes somos apenas pequeníssimas partículas de pó que cirandamos
e enredamos com fios de esperança
sonhos e marasmos
a nossos belo prazer.

Dizem que é o destino, e que ele está traçado
eu cética quanto a isso
tornei-me ousada e deambulo pelas areias
em busca de poiso e tranquilidade.

Muitas vezes saem palavras em trambolhões por esse mar vastíssimo
e pelos rios que, e, sempre correm para uma foz de que nunca mais serão
livres
ficam reféns dessa foz
e nunca poderão reverter a si o caminho percorrido.

Deambulo tantas vezes em alvoroço
e a imaginação dança na ondulação
onde me desenho em árias e
em emoções na pele, como se isso fosse possível.

Talvez a serenidade se instale com o vaivém das torrentes
e com os grãos de areia sob meus pés descalços
um dia um sorriso dará à praia
os corpos voltam (quase) sempre ao lugar da fuga.

E um sorriso não será excepção.

©Piedade Araújo Sol 2014-08-08

terça-feira, 5 de agosto de 2014

no limite

_carramba_

No limite o azul do horizonte apaga linhas e cicatrizes
hajota

foi de azul o dia, e o horizonte
ainda sussurra linhas escritas,
em pinceladas de anil.

todavia,
a noite sacudiu todos os vestígios,
caiados de ecos murmurantes,
e rolou compacta junto ao mar,
num garatujo de névoas maciças refletidas, em
cumplicidade com as marés.

talvez os peixes amedrontados encubram o canto,
dos lamentos em lágrimas calcinadas de sal
os pássaros foram para o lado oposto
refugiados nos seus ninhos.

e no limite do eco despenteado,
as estrelas
fazem vénia à inexistente cicatriz,
que se fundiu na imensidão do
horizonte.

©Piedade Araújo Sol 2014-08-01