Fez ontem anos que partiste.
Tantos, que já não os contabilizo.
Eu era tão nova! E tu também, mas, como disse Santo Agostinho e cito:
“A morte não é nada apenas passei para o outro lado do caminho”
Não sei, mas acho que não concordo com esta frase, para mim a morte, é um descalabro, um caos para quem fica aqui no outro lado do caminho ou direi, no outro lado da vida.
Sabes, os barcos continuam a ir ao mar quando conseguem e as gaivotas continuam a sobrevoar quando chegam a terra esperando algum peixe que lhes mate a fome.
Os tempos mudaram desde que te foste, muita coisa que eu gostava que tivesse observado, embora neste momento actual com a pandemia que assolou este mundo desde fins de 2019, por vezes acho que estás melhor desse outro lado.
A saudade de ti, essa, é que cada vez é maior e cada vez mais forte, e embora muitas vezes a tua figura me traga lembranças já um pouco desfocadas, pelo tempo que passou, elas continuam vivas dentro de mim.
Mas desse outro lado, eu sei e sinto que ainda o teu olhar desaba em mim assim como a tua protecção.
Amo-te Pai desde sempre e para sempre.
Até um dia pai, desse outro lado do espelho.
©Piedade Araújo Sol 02-01-2022
Imagem : Inês Rehberger
Etiquetas: Piedade Araújo Sol, Prosa Poética