terça-feira, 27 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
Farpas
São farpas venenosas as mágoas que se alojam em mim. Não me perguntes porquê…! Desta vez irei despedaçar todas as coisas que me fazem estragos porque as vou lançar às águas contaminadas do rio. As águas correm sempre e com elas correrá também a cor das minhas insónias negras. Elas engrossarão a torrente que na foz será purificada pelo oceano.
Serão farpas as palavras que não pronunciei? Palavras moribundas, que fenecem como um cavalo esgotado numa cavalgada desnorteada e sem nexo, a morrerem a cada esquina da vontade de te gritar a verdade bem alto.
Começo a não ter dúvidas, são farpas as palavras que retenho cá dentro em rebeldia e sem tradução, dardos que perfuram uma história singular de um alvo condescendente e que não quero nem vou entender. Mas que vou silenciar.
Estou decidida a emudecê-las. Num acto de perfeita clemência, vou arremessar ao rio todas as farpas venenosas e deixar-me ir com elas nas águas contaminadas, trucidando com demência furibunda todas as farpas venenosas.... Na foz, pergunta-me então porquê. Já estarei purificada pelo oceano para saber responder.
2008/05/20
Serão farpas as palavras que não pronunciei? Palavras moribundas, que fenecem como um cavalo esgotado numa cavalgada desnorteada e sem nexo, a morrerem a cada esquina da vontade de te gritar a verdade bem alto.
Começo a não ter dúvidas, são farpas as palavras que retenho cá dentro em rebeldia e sem tradução, dardos que perfuram uma história singular de um alvo condescendente e que não quero nem vou entender. Mas que vou silenciar.
Estou decidida a emudecê-las. Num acto de perfeita clemência, vou arremessar ao rio todas as farpas venenosas e deixar-me ir com elas nas águas contaminadas, trucidando com demência furibunda todas as farpas venenosas.... Na foz, pergunta-me então porquê. Já estarei purificada pelo oceano para saber responder.
2008/05/20
Foto:pietroror
sexta-feira, 16 de maio de 2008
pedaços de nada...
quando escrevo, lá fora o mundo não existe. fica deserto e oásis, e sou só eu e o papel, fundidos num só corpo iluminado pelas estrelas. tantas vezes tento explicar o que não tem explicação… outras tantas aniquilo a minha vontade de escrever e choro nas páginas garatujadas da minha vida, onde tudo está inscrito.
as estrelas são leves focos que lampejam sobre a minha cabeça sempre cheia de fantasias. eu não as vejo nem ouço, mas sinto-as nas raízes do meu cabelo. na pele de mulher sem corpo, em estado de transe, num corredor labiríntico embebido de fragrâncias e por vezes com todas as cores do arco-íris. corpo de mulher esvaído nas entranhas dum livro ainda virgem e, no entanto, já extinto numa prateleira duma vida qualquer, sem estrelas, debruçada numa falésia de pedras estilhaçadas...
as estrelas são leves focos que lampejam sobre a minha cabeça sempre cheia de fantasias. eu não as vejo nem ouço, mas sinto-as nas raízes do meu cabelo. na pele de mulher sem corpo, em estado de transe, num corredor labiríntico embebido de fragrâncias e por vezes com todas as cores do arco-íris. corpo de mulher esvaído nas entranhas dum livro ainda virgem e, no entanto, já extinto numa prateleira duma vida qualquer, sem estrelas, debruçada numa falésia de pedras estilhaçadas...
quando escrevo, derramo a minha vontade de ser numa célula de ternura esparsa... perdida algures, em busca de abrigo. mas as células não precisam disso... não sentem… não me respondem… são espelhos onde sinto as estrelas que estão lá fora.
e eu aqui a escrever pedaços de nada com tanta coisa para dizer....
Foto:joanna
terça-feira, 13 de maio de 2008
e agora o silêncio...
e agora o silêncio!
a madrugada foi cúmplice dos teus lábios nos meus, brotando mel.
e agora este silêncio.
as minhas mãos em forma de concha, vagabundeiam ao luar, querendo apanhar a luz retraída que a lua penetrando por entre as frinchas da janela entreaberta, embirra em repartir ocultamente sobre o teu corpo adormecido.
e agora o silêncio.
lá fora a alvorada rompe para mais um dia metamorfoseado em dialecto de gestos inactivos. talvez vá chover, nunca te disse que gosto de sentir a chuva cair sobre a minha pele. não disse tanta coisa. não te digo tanta coisa. nem sequer que me magoa este silêncio.
o teu corpo sossegado, sorri, talvez navegue agora num sonho feito um rio de pétalas desordenadas no leito que te ampara.
vou embora!
e agora?! que faço do silêncio!
©Piedade Araújo Sol, in Poiesis,pag 157
Foto:voogee
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Lançamento
Amanhã dia 10 de Maio será a sessão de lançamento do livro "o ciclo menstrual da noite" da autoria de Alice Macedo Campos (edição Edium Editores), no auditório da Casa-Museu Abel Salazar, S. Mamede de Infesta, pelas 16 horas.
O evento contará com interpretações de trechos musicais à viola por Carlos Andrade e serão declamados poemas da obra por:
Ana Paula Barros
Fátima Fernandes
Joana Serrado
Rui Fidalgo
e
Teresa Gonçalves.
Muitos parabéns...