Testamento canino
Não procures o silêncio, nas brumas da alma, se apenas chegam murmúrios de vento breve a te enaltecerem a vista – turva.
Por vezes o escuro - nosso - é a paz ou o refúgio de outrem, por vezes uma partida para o lugar dos limbos ou do descanso dos deuses, por vezes em forma – nuvem - de cão a pairar na nossa sede de esperança.
Na deslembrança , que não será entorpecimento pinta uma tela com cores, as mesmas que fazem desta ausência forçada, ou por vezes , tão-somente, apenas um esgueirar-me para navegar - voar- com as estrelas que agora brilham com mais aconchego.
E fica com a ternura a derramar-se nos teus olhos inundados de saudade e a guiar-te os passos pelos trilhos que um dia partilhamos.
.Nota:Memórias de um cão que partiu e deixou esta mensagem ao dono.
© Piedade Araújo Sol 2011-07-21