pensamentos perdidos ao vento
É quase noite, e sinto um frio, um frio gelado que me amortece os sentidos e me entra nos ossos, como os gumes de uma faca afiada.
Não sei porque este tempo me faz recordar a tua Escócia tão distante, e tão perto, e imagino-te no nosso castelo a chegar no teu cavalo branco. O cão farejando-te sequiosamente para se certificar que és tu que chegas de mais uma das tuas viagens.
Sabes é quase noite e sei que é tudo imaginação que se apodera de mim e dos meus sentidos, que por momentos se tornam realidade, e onde nem eu própria consigo descortinar o que é ou não irreal. Por entre as ameias consigo ver-te apear do cavalo e teu olhar perscrutado para cima à procura de algum vestígio meu, das minhas vestes brancas e do cabelo entrançado como tu gostas de me ver quando regressas.
O silêncio apodera-se de mim e oiço o chilrear de alegria dos nossos filhos a correrem atribuladamente para ti, e oiço o latir alegre e incessante do cão confundido com a alegria e surpresa da tua imprevisível chegada.
Minhas mãos vazias de tudo, estendem-se para ti, e nesse momento queriam te oferecer rosas amarelas, mas não as tenho, e invento o seu perfume que emana do teu corpo e contagia todo o ar em teu redor. Meus braços enlaçam-te num amplexo tão profundo e tão forte que parece não ter fim.
Sabes é quase noite e tenho medo! Sei, e sinto que é tudo uma ilusão e que será mais uma utopia entre as muitas outras que virão, e que não te ouvirei chegar, nem de alazão nem sequer de pensamento e não te ouvirei ciciar ao meu ouvido “Minha Emília”!!
Será só mais um Natal sem ti....sofrendo com a tua ausência e sentindo algo como cristais partindo-se dentro do meu coração...