quarta-feira, 31 de maio de 2006
sábado, 27 de maio de 2006
terça-feira, 23 de maio de 2006
O silêncio nas palavras
Poderia dizer tantas palavras
Mas neste momento
Tudo o que tenho para dizer
É este silêncio que não ouso infringir
Não sei se poderia dizer
As palavras que engenho no silêncio
Estás junto de mim
E enlaças-me apenas
Não quebrarei o emudecimento
Que se instaurou entre nós
Como muralhas de pétalas
Com aroma de rosas
E as rosas não existem aqui
Já nada permanece entre nós
Excepto o silêncio
E minha cabeça apoiada
sobre teus ombros magros
Sinto que teu olhar a deambular
E eu não ouso dizer
Que já não tenho palavras
porque o silêncio
Não me deixa quebrar
A prestidigitação deste momento...
as águas escorrem silenciosas
na limpidez dos meus pensamentos
Etiquetas: pensamento, Piedade Araújo Sol
domingo, 21 de maio de 2006
Carta para um olhar poema
Teu olhar é um poema!
Eu escrevo cartas como quem esculpe um poema.
As cartas...As minhas! Não são cartas, nunca serão, porque as cartas são escritas para serem lidas, e eu escrevo cartas como se fossem poemas e poemas como se fossem cartas, e, é quando tudo está em silêncio absoluto que eu fico aqui escrevinhando, frases que não são cartas, nem poemas.
As minhas mãos nunca se enfastiam de escrever e as folhas brancas, magnetizam-me como se fossem um fruto proibido em alguma parte.
Eu podia dizer, ou antes escrever que o teu olhar era o meu poema, mas tu não me olhas mais, e o teu olhar é a única coisa que me restou para compôr o meu poema e as minhas cartas poemas.
E eu nunca quis que o teu olhar alguma vez tão-pouco me compreendesse, porque o teu olhar é a minha única recordação viva que tenho de ti.
Quando me olhaste eu fugi, e nunca mais te restitui esse olhar que era teu, e que nunca mais o terás de volta.
Porque é nele que eu mergulho nas madrugadas em que olho o mar dissimulado no teu olhar que eu roubei, e que me leva a escrever cartas que não são cartas e poemas que não são poemas.
Teu olhar enigmático em tons de cinza e verde!
Teu olhar é um poema, é o meu olhar poema...
sexta-feira, 19 de maio de 2006
És quase nada
Finjo que és quase nada
És só mais uma fotografia
Clandestina numa pasta
Dum arquivo do qual só eu
Conheço a palavra-chave
E minto-me cada vez
Que abro essa pasta e digito
A palavra que só eu sei
E que compõem
A password que é
O teu e o meu nome
Enredados
Escritos em letra minúscula
Finjo que foste quase nada
E afinal trago tatuado
Em meu subsistir
O teu nome em letra imperceptível
Que se retêm
Nas reminiscências dos meus dias
Finjo que és quase nada
e sei que afinal
és quase tudo…
quarta-feira, 17 de maio de 2006
Na margem
Reparte comigo
O teu último cigarro
E faz-me acreditar
Que não será
A última vez que estamos
Aqui na margem do rio Tejo
A ver as águas turvas
A correrem calmamente
Deixa-me acreditar que a brisa
Que me roça a face
É um enigma que me ensinarás
A desemaranhar, um dia
Ensina-me a escrever
Porque eu já esqueci
Como se escreve nas águas
Não me apetece ir
Nem me apetece ficar
Mas fico presa a navegar
Os meus pensamentos
Nesta primavera quente
Com cheiro de verão
Sem o ser
Acabamos o cigarro
Vamos embora!!!
Estou cansada demais
Para aprender…
O teu último cigarro
E faz-me acreditar
Que não será
A última vez que estamos
Aqui na margem do rio Tejo
A ver as águas turvas
A correrem calmamente
Deixa-me acreditar que a brisa
Que me roça a face
É um enigma que me ensinarás
A desemaranhar, um dia
Ensina-me a escrever
Porque eu já esqueci
Como se escreve nas águas
Não me apetece ir
Nem me apetece ficar
Mas fico presa a navegar
Os meus pensamentos
Nesta primavera quente
Com cheiro de verão
Sem o ser
Acabamos o cigarro
Vamos embora!!!
Estou cansada demais
Para aprender…
domingo, 14 de maio de 2006
Tudo
Tudo o que te posso dar
Foi escrito
Nas areias dessa praia
As nossas pegadas
Foram cúmplices
E as únicas que o mar
Quis apagar
Tudo o que me podias dar
Foi escrito
Numa pentagrama que se perdeu
Nas areias dessa praia
Hoje as nossas canções
São múrmurios que ambos
Cantarolamos de boca fechada
E olhos semicerrados de prazer
Tudo o que nós vivemos um dia
Ficou aqui
Nas areias desta praia...
sexta-feira, 5 de maio de 2006
Quando
Quando o sol se despede
de um dia que findou
e os frutos maduros
caem desamparados
sobre a terra fecunda
Eu queria saber cantar
os poemas que escrevi…
© Piedade Araújo Sol 05-05-2006
segunda-feira, 1 de maio de 2006
Desatino
Que faço nesta cidade longínqua
Tão recôndita para mim
Onde a primavera não chegou
E onde paira um olfacto de mutismo
Que faço desta obscuridade
Que se envolveu em mim
Como um fumo de prostração
Onde a cinza se desfaz
Que faço quando tudo parece esquivar-se
Da minha retina óptica
E minhas mãos sentem a chuva
Que cai recatadamente sobre o asfalto
Que faço aqui desamparada
Amachucando entre meus dedos
O peso desta solidão
Nesta cidade que não é a minha....