Em memória de Vino Morais
Não era
(ainda) a época da seca
no silêncio
abalaste, sem névoa de cacimbo
no embondeiro
da praça
era Janeiro e partiste.
Talvez a
lua a morrer em teu olhar
ou a
ternura banhada
nas
palavras que sempre ficam
por
dizer, entornadas na faringe.
Suportando
alguma réstia de tinta
em teus
dedos doridos
nas
cores fortes que se confundem
com o
sangue de um verão vindouro
por
acontecer numa tela
prenhe de
sol e canícula.
Tenho um
poema, que procuro
talvez no
mar ou no horizonte até onde
me
alcança a vista
e procuro com o olhar imóvel
pétalas
de flores, ou tão somente
o voo
das gaivotas a planar.
Cada
tela tua será a presença
inequívoca
de que o corpo abalou
mas
ficou a pairar a passagem
do vulto
a voar qual ave sedenta de
semear as cores ainda por acontecer.
© Piedade Araújo Sol 2013-01-08
Imagem de Vino Morais
Etiquetas: Piedade Araújo Sol, poesia