Os ventos cruzados envoltos em fúria
Mudaram a rota da tua nave feita de cristal
Com o contacto forçado
O cristal partiu-se em mil estilhaços
e penetraram no nevoeiro que nos envolvia
Havia flores queimadas espalhadas pelo chão
E os poemas retidos no tempo
Eram um feixe de luz esquizofrénico
Que nos magoava os olhos abertos de espanto
E havia vidraças fechadas que escondiam rostos crispados
remoendo lamúrias com as bocas cerradas
e tantas, tantas estrelas multicores
a nos protegerem a cabeça coalhada de sonhos....
31.01.1983