ando dispersa na senda do destino
vou a correr
alarmada
ignorando meus pés magoados
mas decidida mesmo que
as lágrimas avancem silenciosas
e os olhos me ardem
e a minha própria sombra
me pareça um abismo rendilhado.
ignorando meus pés magoados
mas decidida mesmo que
as lágrimas avancem silenciosas
e os olhos me ardem
e a minha própria sombra
me pareça um abismo rendilhado.
é noite
não tenho a claridade do dia
nem a vontade de escolher
se vou pela estrada ou pelo trilho
que se adivinham na minha mente
onde a infância pulsante
me assalta e tenta esmagar o medo
que parece movimentar-se em meu redor.
nem a vontade de escolher
se vou pela estrada ou pelo trilho
que se adivinham na minha mente
onde a infância pulsante
me assalta e tenta esmagar o medo
que parece movimentar-se em meu redor.
é noite
diante de mim
o trilho parece seguro
e a pressa de chegar é maior que a sede
que se desenha na boca engasgada
e em movimentos calculados
e já diante de mim vejo
oiço a rebentação das ondas
a desfalecer na praia.
e a pressa de chegar é maior que a sede
que se desenha na boca engasgada
e em movimentos calculados
e já diante de mim vejo
oiço a rebentação das ondas
a desfalecer na praia.
é noite…e meu
coração de ave tresmalhada
pulsa desgovernado
meus olhos ousam olhar quase sem ver
o casario da aldeia, a vastidão do mar
e o caminho concluído
e tanta vida, ainda para viver.
pulsa desgovernado
meus olhos ousam olhar quase sem ver
o casario da aldeia, a vastidão do mar
e o caminho concluído
e tanta vida, ainda para viver.
©Piedade Araújo Sol 2020-03-30
Imagem: Laura Zalenga
Imagem: Laura Zalenga