terça-feira, 24 de setembro de 2024

quando o fogo alastra___

de que cor será a mortalha
estilhaçada em todas as cores pintadas de fogo
dos ventos impiedosos
que resvalam na fúria do lume
que alastra e consome tudo num ápice.

por quem toca o sino a rebate
pelos heróis inocentes que lutaram
vidas perdidas ___ famílias em sofrimento
lágrimas sem cor__ se a tivessem
seria vermelho ___ da mesma cor do fogo.

e agora sobra um manto de cinzas
grotescamente adornado
de revolta com mágoa e dor
uma dor surda que é de todos nós
e o fim do suplício que parece não ter fim.

as palavras não servem para apaziguar
quando o fogo alastra no meu País.

Autor : ©Piedade Araújo Sol 2024-09-18
Imagem : Kelly Tan

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terça-feira, 17 de setembro de 2024

e quando o medo é maior que o ____ sonho

na boca do vento,
o medo sempre vencerá ____ o sonho,
sei que ele sucumbe incólume e expira,
enquanto eu invento, ou tento idealizar outro.

será apenas uma réplica,
de onde retiro o fundamental,
para não notar muitas diferenças,
e sonhar ___ outro sonho renovado.

esta competência de transformar,
e moldar o tempo no sonho ___ por realizar,
é só tentar apaziguar o medo,
num mistério de inabilidade atroz.

e gravo na memória em esquissos de luz,
com o olhar cerrado,
e com a esperança activa,
um sonho novo construído na boca do vento.

©Piedade Araújo Sol 2024-09-16
Imagem : Brooke Shaden

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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Talvez palavras, ou o poema rubro

Náufrago nas palavras esboçadas
na tatuagem, quase oculta das
metáforas.

Asfixiadas nas entrelinhas,
de vocábulos atordoados,
desbravados, e incompreendidos.

Inundado, em adjectivos que
proliferam na harmonia
que alimenta o poema rubro.

©Piedade Araújo Sol 2014-09-01
Imagem : Brooke Shaden

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terça-feira, 3 de setembro de 2024

Encerro o dia

Encerro o dia como se fosse mais um capítulo de um livro que leio
Despeço-me das aves que se deslocam no ocaso
Repouso o meu olhar no seu voar elegante, quase contínuo
E penso na penumbra do céu ao encetar a noite.

Imagino que o verão não vai cessar
E quando o inverno chegar com o frio a infiltrar-se á volta do corpo e dos ossos
Com os dias que parecem menores, pela ausência da luz
Ainda terei o sol e o calor que me abraçam agora.

E fecho vagarosamente a janela
Minhas mãos escrevinham pela noite adentro
Entregando todos os fantasmas à insónia
Que já não me atrevo a lutar, aprendi apenas a ignorar.

Quando meus olhos se fecham, idealizo que vou aprender a sonhar
E que amanhã terei um capítulo novo no meu livro

©Piedade Araújo Sol 2024-09-02
Imagem : Katharina Jung 

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