Setembro
E eu nunca reparei
Não sei em que depositei o meu olhar alheado
Talvez amedrontado
Se
o melhor em que em mim havia
era uma fuga infalível
para além do horizonte que eu desenhava
nos azuis
Eu nunca quis olhar para as açucenas que nasciam
E que exalavam o perfume que me entediava
E me recordava de ti
Setembro foi apenas um mês
Mais um
Que acrescentaria a todos os outros
Dum calendário inexistente
Mas sempre dependurado em mim
Setembro foi a quimioterapia nas dores
Atenuando a ausência de todas as ausências
Renascidas
E o culminar desta chuva que cai em mim
Lembra-me agora a premonição
Do orvalho no teu olhar
E que eu nunca reparei.