Gratidão
Maksim Kuzin
a noite fria em tempo morno fita-me
e no seio do vento que acaricia
os plátanos da praça
eu olho como um animal furtivo
do cimo de uma escarpa.
e no seio do vento que acaricia
os plátanos da praça
eu olho como um animal furtivo
do cimo de uma escarpa.
é noite cerrada, suavemente sobre o seu silêncio
os pássaros devem dormir na quietude
dos seus ninhos,
no aconchego da sua zona de conforto.
debaixo de mim falta-me o chão
as pernas oscilam sobre o vácuo
da cadeira de lona da varanda
lâminas de frio trespassem e arrepiam
meu corpo arrefecido pela brisa.
não chove, mas irrequieta e
desprotegida uma lágrima desliza
tropeça e cai no chão, que há pouco me faltava,
não é mágoa, é gratidão apenas
pela vida e porque meus olhos vislumbram.
no horizonte um novo dia a nascer.
©Piedade Araújo Sol 2019-03-25