Caminhante
Ajeito a máscara
e as roupas que me restringem
Ateio a noite e liberto-me dos espectros
que vejo retratados na penumbra das ruelas.
Tenho um passo ligeiro, quase que atropelo a noite
esboçada no chão molhado e inseguro.
Guardo as mãos no fundo dos bolsos
cheios de sonhos inviscerados,
agarrando-os com firmeza para que não se desprendam,
e se percam nos trilhos que desenho.
E sei que um rio frio me contempla
na ligeireza do ir
E já sem máscara nem pressas
sorrio à madrugada livre
e indiferente
que se alonga sobre mim e
sobre a cidade grande
©Piedade Araújo Sol 2013-03-19
Imagem : Yulia Emtsova
Imagem : Yulia Emtsova
Etiquetas: Piedade Araújo Sol, poesia
21 Comentários:
Um sonho que, mais ou menos conscientemente, nos habita a todos nos tempos que correm...
Lindo, Piedade!
Um beijo
E já não nos sentimos inseguros... porque, de uma forma ou de outra, continuamos livres...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
Um poema profundo e introspetivo, onde os sonhos substituem a a dura realidade.
Muito bom!
Um abraço.
Eu sou a madrugada a quem sorriste
sim sou livre
mas nego que seja indiferente
Serei eu sempre
que anunciarei o sol
quando ele vier brilhar
para toda a gente
Saint Michael the Archangel defend us from combat.🙏🏼 Be our shield against visible and invisible enemies.🙏🏼
Um poema fantástico!! Amei :))
*
Mar...Alimento ilusório...
*
Beijo, e uma excelente noite...
Um belo poema, um retrato do nosso desejo neste tempo atípico que vivemos.
Abraço e saúde
Belo poema, Piedade! Apocalíptico.
E aproveito para dizer-lhe:
Sonhar no mundo porque o habitamos para que persistam em nossos mapas os roteiros que traçamos alcançando a paz dos vales depois de descermos a montanha.
Um abraço,
Tão bonito o poema, como a figura retratada.
Transmite uma sensação de realismo.
Gostei
Oi Piedade. Um belo poema. Me senti dentro dele. Ouvi os meus passos pelas ruelas, senti a liberdade da noite.
beijos
Chris
Inventando com a Mamãe / Instagram / Facebook / Pinterest
Amiga Piedade !
Esse caminhar madrugador e libertador que tão bem descreves, tem que acontecer.
Já estamos cansados da noite e de tantos sonhos agitados.
Um beijinho renovado e esperançoso!
Fê
Novos tempos, que nos exigem novos olhares...
Um poema magnífico no tom do tempo, Piedade.
Sei.
Tracejámos ciclos lunares
entre o ter e a ausência desmembrados.
E há um rio deslembrado entre margens.
Mas há uma ponte.
Assim não me afogue a pressa na fuga do medo.
Beijo, cara Amiga.
A coragem de enfrentar a vida sem desfalecimento.
Um abraço.
A excelência do poema justifica plenamente a republicação.
Bom fim de semana, querida amiga Piedade.
Beijo.
A madrugada é sempre uma luz incentivadora no fim da noite tenebrosa.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
assim, inteira e livre!
como se noite fosse a pintura onde a Poeta se inventa...
muito belo
beijo, Piedade
Uma busca de alívio, levando nos bolsos o problema, um procurar respirar o irrespirável...
Adorei o inconformismo, Piedade, apesar das mãos se sumirem numa ruela sem saída. Fica, e é isso que conta, a intenção.
Um beijinho :)
O tempo não conta
Quando o movimento é certeiro
E o caminho é sem medos
Como o ar ou
Um rio que corre
Livre.
Todo o poema segue assim:
Revoltado
Intempestivo
Determinado
E com os sonhos que ninguém poderá exterminar.
Curioso disto tudo é como foi possível
pessoas mais ou menos livres ficarem
subjugadas a uma "ditadura", por sua livre opção. O medo tudo pode...Espero que quem manda no Mundo não tire daqui ideias.
Um beijo, minha Amiga Piedade
Uma semana de boa saúde e felicidade.
(do seu comentário, uma apreciação que não mereço... obrigado)
Atear a noite. Atropelá-la. Sorrir para a manhã. Belíssimo poema, minha Amiga Piedade.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
E viva a Poesia!
Uau, adorei ler!
" Guardo as mãos no fundo dos bolsos cheios de sonhos inviscerados..."
....
👏👏❤🌼
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