terça-feira, 25 de agosto de 2020

Não sei do teu nome

Propositadamente,
quis esquecer um nome
(o teu).

E ilegíveis letras, em fragmentos
enlouquecidos,
inundaram a praça, repleta de árvores
da sumaúma. *

Teu nome foi sepultado, sob líquenes e pedras.
Algures.
Não o lembro mais!
Provavelmente, um dia, os arqueólogos
encontrarão resquícios de meteoritos, que os
levarão
a uma pesquisa infindável e sem sucesso
aparente.

Respiro o ar asfixiado da manhã.
Coloco flores frescas num vaso de terracota,
fronteiro à janela, que dá para a praça.

Não sei do teu nome.

©Piedade Araújo Sol 2009-08-18
Imagem : Laura Zalenga

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25 Comentários:

Blogger brancas nuvens negras disse...

Um poema de renúncia, de despedida e de tentativa de apagar o passado. Forte.

terça-feira, 25 agosto, 2020  
Blogger " R y k @ r d o " disse...

Deslumbramento poético. Poema lindíssimo
.
Um dia feliz
Abraço

terça-feira, 25 agosto, 2020  
Blogger Rogério G.V. Pereira disse...

Propositadamente
quis esquecer um nome
(o meu)
Meu nome foi sepultado
e na campa rasa
está inscrito um epitáfio
que assim reza

Aqui jaz alguém
que sempre quis mudar o mundo
Por o não ter conseguido
merece ser esquecido

terça-feira, 25 agosto, 2020  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Um texto poético muito bonito!! :)
*
Procuro a noite dentro da solidão...
-
Beijo e uma santa noite!

terça-feira, 25 agosto, 2020  
Blogger Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Piedade!
Esquecemos sim feições não agradáveis ao nosso 💙... Ainda bem.
Poema que passa o vigor da alma nova que nasceu perfumada de flores
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

terça-feira, 25 agosto, 2020  
Blogger Agostinho disse...

Há um lago infalível na poesia
de lâminas de gelo finíssimas
para onde os pés se arrastam

O desejo de superação do peso
opressor da frustração empodera
na ilusão das espirais concêntricas

Amiga centrípeta é a solidão
Cada vez mais perfeita esmaga
até ao esquecimento do eu

volatizado na branca mais leitosa
da galáxia final do universo
Branca absoluta pura poema

Do teu poema

Beijo, querida amiga Piedade.

quarta-feira, 26 agosto, 2020  
Blogger Maria João Brito de Sousa disse...

Magnífico poema, Piedade!

Uma identidade duramente (re)conquistada, segundo a minha leitura.

Beijinho!

quarta-feira, 26 agosto, 2020  
Blogger Marta Vinhais disse...

Uma despedida, o fechar de um ciclo...
Talvez se consiga esquecer, talvez não...
Mas haverá sempre flores frescas....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

quarta-feira, 26 agosto, 2020  
Blogger Mar Arável disse...

Não existem amanhãs sem memórias
Todos os dias se move o vento

quarta-feira, 26 agosto, 2020  
Blogger silvioafonso disse...

É muito gostoso ler esse tipo
de prosa quando feita do jeito
que foi. Quanto ao nome, para
mim não é nenhum segredo, mas
sei e não digo. Não digo
porque o gostoso é a dúvida do
silêncio e quebrá-lo chama a
atenção de quem nos inveja.
Um beijo com ou sem Piedade.
De preferência com. (risos)

quarta-feira, 26 agosto, 2020  
Blogger Elvira Carvalho disse...

Feliz de quem consegue esquecer quem os fez sofrer.
Bonito poema.
Abraço e saúde

quarta-feira, 26 agosto, 2020  
Blogger Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Piedade,
Há um momento que é melhor
deixar a poesia falar por nós,
ela é perfeita.
Bjins de quarta feira
CatiahoAlc.

quarta-feira, 26 agosto, 2020  
Blogger (CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Pelo final, parece que conseguiu esquecer o "tal" nome. Tomara rs rs.

quinta-feira, 27 agosto, 2020  
Blogger AC disse...

Para quê o nome, quando existe o sentir?
Sempre bom passar por aqui, Piedade.

Um beijinho :)

quinta-feira, 27 agosto, 2020  
Blogger Ailime disse...

Boa tarde Piedade,
Magnífico poema!
Há nomes que só tempo desvanecerá!
Um beijinho.
Ailime

quinta-feira, 27 agosto, 2020  
Blogger Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, Piedade,
mais um belo e inspirado poema de tua autoria. Gostei muito, meus parabéns.
bjo, Um bom fim de semana.

sexta-feira, 28 agosto, 2020  
Blogger Jaime Portela disse...

Há nomes que vale a pena serem esquecidos...
Belíssimo poema, gostei muito.
Bom fim de semana, querida amiga Piedade.
Beijo.

sexta-feira, 28 agosto, 2020  
Blogger Maré Viva disse...

Que poema sentido e sofrido.
Mas às vezes não basta esquecer um nome para esquecer uma dor.
Esperemos pelo regresso das manhãs de ar puro e leve que nos suavize a alma.

Um abraço.

sexta-feira, 28 agosto, 2020  
Blogger Fá menor disse...

Quando há nomes que não nos deviam inundar o pensamento... mais vale esquecê-los, o que nem sempre será muito fácil.

Bem conseguido, o teu poema!

Bom fim-de-semana!

Beijinhos.

sexta-feira, 28 agosto, 2020  
Blogger MARILENE disse...

"Propositadamente" direcionou seus versos e o cantado sentir. O ar asfixiado da manhã não impediu o vaso de flores na janela, fazendo presumir que já não importa saber o nome de quem ficou no passado. Uma lindeza, Piedade! Bjs.

sábado, 29 agosto, 2020  
Blogger Porventura escrevo disse...

Gostei

domingo, 30 agosto, 2020  
Blogger Manuel Veiga disse...

a mais radical da mortes . a morte do do nome...

gostei muito do poema, Piedade!

beijo

domingo, 30 agosto, 2020  
Blogger Graça Pires disse...

O que é um nome? Esquecê-lo pode ser uma forma de o fazer renascer, de permitir que ele perca a sua sombra...
Lindíssimo poema, minha Amiga Piedade.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

segunda-feira, 31 agosto, 2020  
Blogger LuísM Castanheira disse...

Perde-se o nome quando o nome já nada diz.
Abençoado o Tempo do esquecimento e dos Ventos imprevistos.
Gostei muito.
Um beijo e boa semana, Pi.

segunda-feira, 31 agosto, 2020  
Blogger Janita disse...

Como prometido cá estou de visita ao blogue de literatura e poesia, da Piedade, com olhares em tons de maresia.

E são-no mesmo! Os sentimentos e a forma de os expressar não tem época nem tempo definido, pelo que concordo que vá reeditando os seus belos poemas.

Há pessoas que passam na nossa vida e que, para serem efectivamente esquecidos, há que esquecer-lhes também o nome.

Gostei do espaço.

Um beijinho e obrigada. :)

segunda-feira, 31 agosto, 2020  

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