terça-feira, 23 de junho de 2020

Pranto ou fado em tempo estranho

“Vim deixar meu quieto pranto saudoso”
JCS

Entro no mar salgado
Procuro as águas
Para desaguar as lágrimas
Amotinadas, e analiso que
Já não me sei das horas em mim

Na esperança do lusco-fusco
Que se prenuncia
Fico a espiar num tempo sem horas
A alongar o meu olhar
E a ouvir o murmúrio do mar

Não sei já do dia que desabrido
Abandonou-me
Numa praia que não conheço
Onde só oiço o eco do vento
E o frio da noite

Pouco importa! Procurarei o caminho de casa
Todo mundo tem uma casa
Não me sei de tempos nem horas
Só esta dor órfã e que se reflecte
Nas sendas das rugas fundas do meu rosto

Já não entendo este tempo estranho
Que tem odor de pranto
Com mistura de espanto
Ecos de uma guitarra
E som  de um  fado  triste.

©Piedade Araújo Sol 2020-06-19
 Imagem : Viktoria Haack

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23 Comentários:

Blogger Rogério G.V. Pereira disse...

Um dia, o vento sussurrou-me
Tenho uma nuvem para alugar
Recusei
Como poderia eu abandonar o mar

E, assim como tu
me deitei nele
até que aquela bela onda
me levou...

Hoje não tenho fados tristes!

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger VILMA ORZARI PIVA disse...

Que belo poema de lágrimas profundas.
Parabéns,querida, por teus sensiveis versos!
Beijos

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger Marta Vinhais disse...

Um tempo estranho sem dúvida...
Podemos não conhecer a praia, mas vamos encontrar o caminho de casa...
Gostei muito...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger Elvira Carvalho disse...

Um tempo estranho, talvez um aviso do planeta, farto das nossas atrocidades.
Resta-nos a esperança de que ainda seja tempo de alterar para melhor, alguma coisa.
Abraço e saúde

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger " R y k @ r d o " disse...

O mar sempre foi, é, e continuará a ser uma fresca e salutar inspiração para poetas e poetisas. Que linda é a foto. Que belo é o poema. A conjugação poética perfeita.
.
Um dia feliz
Saudações poéticas

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Um poema melancólico mas muito belo! Parabéns🌼

-
São sinais do tempo, de tormenta

Beijo, e uma excelente dia! :)

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger José Carlos Sant Anna disse...

Tempos estranhos os que vivemos, mesmo com os olhos turvos de prantos não devemos perder a esperança... Acharemos o caminho de casa, sim.
Vamos dar as mãos e refloresce a vida!
Beijinhos, Piedade!

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger Roselia Bezerra disse...

Boa Noite de paz, querida amiga Piedade!
Uma foto belíssima capaz de inspirar os mais belos sentimentos, entretanto a desolação assola a alma da mulher e o poema ficou uma preciosidade.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

terça-feira, 23 junho, 2020  
Blogger Majo Dutra disse...

~~~
B E L Í S S I M O !!

Num tempo estranho...

Beijinhos, Poetisa.
~~~~~~

quarta-feira, 24 junho, 2020  
Blogger AC disse...

Tens razão, Piedade, vivemos um tempo estranho, a carecer de novos equilíbrios. Mas não é um fado, é apenas um tempo diferente, a pedir reformulações constantes. Valha-nos o mar, o grande caldeirão alquímico, que parece continuar fiável.

Um abraço

quarta-feira, 24 junho, 2020  
Blogger Ailime disse...

Boa tarde Piedade,
Um tempo estranho que tem inspirado os poetas!
Magnífico o seu poema.
Um beijinho.
Ailime

quarta-feira, 24 junho, 2020  
Blogger Pedro Luso de Carvalho disse...

Boa tarde, Piedade!

Gosto de vir a este espaço para ler os teus poemas, belos como este, que tem o mar como inspiração. Parabéns!

Voto de uma boa continuação da semana, com os cuidados com a saúde, minha amiga Piedade.

Um beijo.
Pedro

quarta-feira, 24 junho, 2020  
Blogger Mar Arável disse...

Sempre vivemos assimetrias
para a conquista de equilíbrios
porque não sabemos tudo
Bj

quarta-feira, 24 junho, 2020  
Blogger Jaime Portela disse...

O tempo é cada vez mais estranho. E entranha-se...
Belo poema, gostei.
A foto, muito bem escolhida, é excelente.
Bom fim de semana, querida amiga Piedade.
Beijo.

sexta-feira, 26 junho, 2020  
Blogger Manuel Veiga disse...

poema belo, melódico e (in)tenso
como um solo de violino.

gostei muito, Piedade.

beijo

sexta-feira, 26 junho, 2020  
Blogger Sónia M. disse...

Saudades de te ler, Piedade.

Um tempo estranho
este.
Um busca constante de equilíbrio...
Tempo de coragem...

Deixo um beijo

sexta-feira, 26 junho, 2020  
Blogger Toninho disse...

E de repente tudo ficou frio.
O som entrou pelas frestas, arrastando um vento que tudo varreu, mas deixou esta saudade sobre o tapete.
Inspirador Piedade.
Imagem e poesia em bela sintonia.
Beijo amiga.

sábado, 27 junho, 2020  
Blogger vieira calado disse...

Olá, como está?

Como Ulisses.

Ele queria era regressar a casa!

Saudações poéticas!

domingo, 28 junho, 2020  
Blogger " R y k @ r d o " disse...

Passando a fim de desejar:
.
Uma noite de domingo feliz
Cumprimentos poéticos

domingo, 28 junho, 2020  
Blogger © Fanny Costa disse...

O MAR... quantas lágrimas ele recolheu?
Lindo poema, Piedade. Adoro a tua escrita.
Um beijinho e boa semana
Fanny

domingo, 28 junho, 2020  
Blogger Graça Pires disse...

Uma dor órfã com odor de pranto... Um poema sofrido e de uma grande beleza.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

segunda-feira, 29 junho, 2020  
Blogger Agostinho disse...

Olá, Piedade
Já tinha lido e voltei para reler
Gostei.
Só o tempo é estranho, a Poeta não.

Não era isto que tinha na mão
era calor e jeito de moldar
a pele ao poema
Não era pranto nem fado, era sonho
Era maresia a confundir-se-me
no lusco-fusco das vagas
que lavram rios de água na face
A praia, agora, afinal lisa

Não foi verdade, foi um sonho,
só desatino no regresso ao dia
Lisa lisa radiante de luz
diz-me o espelho matinal

Beijo amigo.

segunda-feira, 29 junho, 2020  
Blogger Maria João Brito de Sousa disse...

Este pranto ou fado belo mas dorido traz-nos inquietos a todos na aparente serenidade dos dias que (nunca) sabemos que/se virão

Beijinho, Piedade.

segunda-feira, 06 julho, 2020  

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