Conjunturas II
Mikael Aldo
Levanto o olhar para melhor Fingir que não vejo, o que por vezes
Os meus olhos capturem quando
Passeiam descontrolados
E inquisidores
Às vezes não oiço nada e só pelo mover dos lábios
Retenho palavras
Que relembro nas memórias
Que se perderam nas margens de um mar inquieto
Ou de um rio que fugiu do afluente
Que o inventou ou enjeitou
Quando quero
Levanto os olhos e vejo poesia,
E silencio esse prazer num rio de silêncios
Ao sabor de uma corrente
Que deslizam
Nem sempre para foz de algum mar
Chego a conversar comigo
Em gestos cúmplices, pequeninos
Que ninguém pode entender
E pouso o meu olhar com tanta ternura
Sobre o dia…e saio distraída com um poema
Inacabado nos lábios
©Piedade Araújo Sol 2018/07/08
12 Comentários:
Uma bela tradução definição do processo de poetizar muito linda Piedade. A imagem é fantástica.
Lindo sempre respirar poesia.
Beijo e linda semana para você.
Que coisa mais linda, Piedade. Li e reli.
Como se fosse uma melodia, ou uma prece.
Adorei
Abraço
Lindo de mais. Parabéns. Bom dia :))
Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira.
Amei este poema!
Beijo e um excelente dia!
E os poemas enchem a alma... mesmo que inacabados...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
Olá, amifa Piedade
Não sei se bem se mal, li o teu poema Conjunturas e fantasiei(?)
Finjo que sou esfinge e,
entretanto, leio nos lábios
figuras, semibreves caprichosas, semicolcheias graciosas,
vazios de pausas, em pauta.
Quando quero, solfejo até.
Olho e não olho
e, a mão no tampo da mesa
ao ritmo de quem sai de
quem entra, em forte e piano.
Quando me agrada acrescento-lhes
poesia:
um ponto de aumentaçao.
Bj.
por vezes
fico triste
quando, teu poemar
fala de ternura
lançada sobre o dia
e os dias são ásperos
fala de rios silenciosos
e eles correm revoltosos
baixa os olhos
e reescreve o poema
com o olhar
posto na terra
Por vezes de olhos fechados tudo é mais claro
Bj
Belíssimo poema, estimada poetisa.
Como sempre, aprecio muito
o modo como se expressa.
Belíssimo!
Beijos
~~
Mais uma bela, e encantadora inspiração... que nos descreve... de onde vem, a alma de uma poesia... para ler e reler!... E anotar... no meu caderninho... para quando eu voltar!... :-))
Beijinhos, Piedade!
Bom fim de semana!
Ana
E que cúmplices se tornam os poemas quando levantas os olhos para ver a vida que te cerca… Magnífico!
Uma boa semana.
Um beijo.
Um poema que que encanta.
Gostei de ler.
Beijos e boa semana.
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