terça-feira, 1 de outubro de 2024

as palavras no silêncio

trazias no olhar todas as palavras, que eu queria ouvir,
mas apenas,
olhaste o céu e disseste:
-amanhã vai chover.
eu ouvi e calei-me.

comecei a desenhar com a ponta dos dedos,
num guardanapo de papel,
riscos anárquicos,
apenas a moldarem,
o teu rosto.

depois, acrescentei,
uma janela escancarada,
de onde brotavam folhas feitas, palavras,
que voavam atropeladas,
pelo vento.

e nessa noite,
apenas o silêncio foi maior que a noite,
quando ela caiu abruptamente,
e o teu vulto se afastou em direcção,
ao mar.

©Piedade Araújo Sol 2014-10-13
Imagem : Martina Bisaz

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18 Comentários:

Blogger Marta Vinhais disse...

Porque o Vento trará as palavras novamente... e o silêncio continuará a ser apenas silêncio...
Belo...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 01 outubro, 2024  
Blogger Agostinho disse...

Que boa Terça, Piedade.

Na ponta dos dedos
na ponta da língua
as folhas distintas
prontas
Para o poema. E
a noite apagará
as palavras!?

Nem o silêncio as sumirá
no sumidouro da demência
Não "morra" a Poeta!

Bj.

terça-feira, 01 outubro, 2024  
Blogger Eduardo Medeiros disse...

Olá.
Silêncio, despedidas, palavras não ditas...

terça-feira, 01 outubro, 2024  
Blogger Mário Margaride disse...

No silêncio das palavras, soa bem alto o eco das emoções.
Gostei muito deste belo poema, amiga Piedade.
Beijinhos e feliz semana!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

terça-feira, 01 outubro, 2024  
Blogger lis disse...

O olhar é demais explicativo e o poema traduz com palavras o que sem palavras entendemos .
A foto é inspradora ,Pity
Fica bem e abraços meus

terça-feira, 01 outubro, 2024  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Mesmo reeditado é sempre agradável de ler!! :)
.
A Rapidez do tempo...
Beijos. Votos de uma boa semana e um Outubro positivo!

terça-feira, 01 outubro, 2024  
Blogger brancas nuvens negras disse...

Há alturas em que abdicamos das palavras e abdicamos do outro.

terça-feira, 01 outubro, 2024  
Blogger J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Te mando un beso.

quarta-feira, 02 outubro, 2024  
Blogger Toninho disse...

Uma janela e o olhar na distancia a se perder. Um vulto que devagar vai se desfazendo e deixando um silencio que grita de saudade, solidão.
Bela partilha amiga.
Bjs

quarta-feira, 02 outubro, 2024  
Blogger Ailime disse...

Bom dia Piedade,
Um magnífico poema em que as metáforas falam a linguagem do vento no silêncio que se prolonga no horizonte!
Beijinhos,
Emília

quarta-feira, 02 outubro, 2024  
Blogger Manuel disse...

A veces estos silencios son necesarios, para darnos cuenta y aceptar la realidad.
Un abrazo, amiga Piedad.

quarta-feira, 02 outubro, 2024  
Blogger Andre Mansim disse...

Olá minha amiga!
Que poesia linda! Sentida, e parece feita com muita emoção.

Parabéns.

quinta-feira, 03 outubro, 2024  
Blogger Rogério G.V. Pereira disse...

Ao mar cresce a maré
sempre que recebe
vultos, assim

sexta-feira, 04 outubro, 2024  
Blogger Mona Lisa disse...

Belíssimo poema pleno de emoções aplicadas à realidade. Palavras levadas pelo vento na escuridão ,podem voltar ou não.
Beijinho, Pity.🍁

domingo, 06 outubro, 2024  
Blogger Isa Sá disse...

Parabéns pela escrita. Boa semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

domingo, 06 outubro, 2024  
Blogger Graça Pires disse...

Na noite em que o silêncio foi maior que a noite, as palavras voaram das árvores despidas e pareciam chorar as folhas varridas pelo vento. E a poeta chorou?
Belíssimo, minha Amiga Piedade e tão bem ilustrado.
Uma boa semana.
Um beijo.

segunda-feira, 07 outubro, 2024  
Blogger São disse...

Quantas vezes o mais importante fica em silêncio...

Abraço, serena semana

:)

segunda-feira, 07 outubro, 2024  
Blogger Parapeito disse...

Gostei muito.
Belo e melancólico.
A foto foi muito bem escolhida.
Abraço e brisas doces ****

quinta-feira, 17 outubro, 2024  

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