as palavras no silêncio
trazias no olhar todas as palavras, que eu queria ouvir,
mas apenas,
olhaste o céu e disseste:
-amanhã vai chover.
eu ouvi e calei-me.
comecei a desenhar com a ponta dos dedos,
num guardanapo de papel,
riscos anárquicos,
apenas a moldarem,
o teu rosto.
depois, acrescentei,
uma janela escancarada,
de onde brotavam folhas feitas, palavras,
que voavam atropeladas,
pelo vento.
e nessa noite,
apenas o silêncio foi maior que a noite,
quando ela caiu abruptamente,
e o teu vulto se afastou em direcção,
ao mar.
©Piedade Araújo Sol 2014-10-13
Imagem : Martina Bisaz
Etiquetas: Direitos de autor, Piedade Araújo Sol, poesia, Reeditado
18 Comentários:
Porque o Vento trará as palavras novamente... e o silêncio continuará a ser apenas silêncio...
Belo...
Beijos e abraços
Marta
Que boa Terça, Piedade.
Na ponta dos dedos
na ponta da língua
as folhas distintas
prontas
Para o poema. E
a noite apagará
as palavras!?
Nem o silêncio as sumirá
no sumidouro da demência
Não "morra" a Poeta!
Bj.
Olá.
Silêncio, despedidas, palavras não ditas...
No silêncio das palavras, soa bem alto o eco das emoções.
Gostei muito deste belo poema, amiga Piedade.
Beijinhos e feliz semana!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
O olhar é demais explicativo e o poema traduz com palavras o que sem palavras entendemos .
A foto é inspradora ,Pity
Fica bem e abraços meus
Mesmo reeditado é sempre agradável de ler!! :)
.
A Rapidez do tempo...
Beijos. Votos de uma boa semana e um Outubro positivo!
Há alturas em que abdicamos das palavras e abdicamos do outro.
Profundo poema. Te mando un beso.
Uma janela e o olhar na distancia a se perder. Um vulto que devagar vai se desfazendo e deixando um silencio que grita de saudade, solidão.
Bela partilha amiga.
Bjs
Bom dia Piedade,
Um magnífico poema em que as metáforas falam a linguagem do vento no silêncio que se prolonga no horizonte!
Beijinhos,
Emília
A veces estos silencios son necesarios, para darnos cuenta y aceptar la realidad.
Un abrazo, amiga Piedad.
Olá minha amiga!
Que poesia linda! Sentida, e parece feita com muita emoção.
Parabéns.
Ao mar cresce a maré
sempre que recebe
vultos, assim
Belíssimo poema pleno de emoções aplicadas à realidade. Palavras levadas pelo vento na escuridão ,podem voltar ou não.
Beijinho, Pity.🍁
Parabéns pela escrita. Boa semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Na noite em que o silêncio foi maior que a noite, as palavras voaram das árvores despidas e pareciam chorar as folhas varridas pelo vento. E a poeta chorou?
Belíssimo, minha Amiga Piedade e tão bem ilustrado.
Uma boa semana.
Um beijo.
Quantas vezes o mais importante fica em silêncio...
Abraço, serena semana
:)
Gostei muito.
Belo e melancólico.
A foto foi muito bem escolhida.
Abraço e brisas doces ****
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