Ecos e frágeis sombras

 O dia debanda e nem me diz adeus,
reduz-se à sua partida apressada,
dando lugar à chegada esperada da noite,
transporto-me na companhia ,
das palavras que me incendeiam os dedos.

Na nudez da noite, e no relance do olhar,
para a calada das sombras,
sobre o asfalto da praça,
pouso meus dedos no receio,
e dentro da minha clausura,
perscruto os últimos suspiros do dia.

Respiro apressada à procura,
de algum pássaro nocturno que por incúria,
ainda não retornou ao ninho,
e no exacto momento , pressinto um voo na sombra,
e sei que a noite será mais tranquila.

Um eco suave,
inunda a praça,
e entre sombras eu retorno,
às delícias do conforto,
e aos afectos das metáforas.

©Piedade Araújo Sol 2023-01-23
Imagem : Viktorija Rekašiūtė Raggana