Lembro de um rio que se confunde com o mar
O passado não se escreve. Ficam apenas retalhos dispersos pelos neurónios. Que se tornam em memórias que algumas vezes nos procuram para sabermos que, embora seja passado. Existiu um dia, não existe mais.
Tu com as pernas cruzadas, a ler o diário com o cigarro esquecido no canto da boca. Às vezes penso se ainda fumas, mas tenho a certeza que sim. Eu a teu lado e sobre a mesa a chávena do café ao lado do teu copo de água, e eu a cogitar em coisas que não se deve pensar, que não é de bom-tom nem correcto.
As tuas mãos perfeitas. Os teus dedos compridos e macios. Um sorriso inimitável A perfeição em corpo de homem.
Às vezes a memória chega assim sem anunciar. O rio ali perto. Os nossos olhos abalroados e sem palavras, conseguiam dialogar. Nunca mais me aconteceu isso com mais ninguém.
E depois o presente que não condiz com o passado e o dia a acabar. Depois os meses. Os anos. O contacto telefónico que se apagou sem querer. E tudo ficou. Ficou em fundo perdido. E o presente seguiu o seu caminho.
Há memórias agradáveis e boas. Esta não será uma memória. Mas apenas e tão-somente uma incomensurável saudade
©Piedade Araújo Sol 2023-11-30
Etiquetas: Direitos de autor, Piedade Araújo Sol, Prosa Poética
15 Comentários:
A memória lá está a marcar o lugar dos que foram. Sei como é.
Um abraço.
As boas memórias nunca se apagam da nossa mente. Ficam bem guardadas no baú das recordações.
Belo poema que muito gostei, amiga Piedade.
Deixo os meus votos de feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogsppt.com
Senti daqui toda essa saudade guardada no fundo do peito. Incrível, Sol!
Hay recuerdos que nos marcan. Buen relato. Te mando un beso.
Há memórias que se entrelaçam com a saudade...
E esse dia nunca se apaga....
Beijos e abraços
Mart
Boa tarde Piedade,
Muito bela a sua prosa poética em que as memórias e as saudades estão bem evidentes.
Gostei muito!
Um beijinho e um bom feriado.
Ailime
Boa noite de paz, querida amiga Pity!
Lindas lembranças e basta apenas uma mão e para se fazer presente o toque inconfundível que nos deu alegrias com a suavidade de carinhos mil.
Lindo!
Sua sensibilidade é ardente.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos com carinho fraterno
Pois, existem pessoas que desaparecem fisicamente, mas que continuam bem presentes em nós.
Gostei muito do texto.
Abraço com voto de agradável feriado e excelente Novembro.
Olá, Piedade, gostei imenso desta sua poética
crônica, com tantas verdades.
Meus parabéns!
Uma ótima semana, com paz e alegria.
Beijo, amiga.
Belíssimo poema. As boas memórias nos conectam com a nossa essência.
Continuação de boa semana
bjs
Enquanto vivemos, guardamos na memória aqueles que amamos e se foram. Com nostalgia, tristeza às vezes e saudade sempre.
Abraço e saúde
À margem:
Estou de volta embora não saiba até quando pois a minha saúde continua muito periclitante. Ontem iniciei novo tratamento e fui encaminhada para o Hospital do Barreiro e o Hospital de Santa Marta. Preciso fazer duas cirurgias que do modo que as coisas andam, no SNS, não serão para breve. Enfim, quando envelhecemos a saúde vai desaparecendo.
Olá Piedade,
Passando por aqui, relendo este belo poema que muito gostei, e desejar um bom fim de semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Pois é. Há memórias assim.
Bom escrito, amiga.
Beijo
Há memórias que surgem inesperadamente. E não resistimos a fazer comparações com o presente.
Magnífico texto, gostei de ler.
Um beijo e boa semana.
Há saudades que magoam e que ficam agarradas à pele como se fossem as lágrimas que deslizam em nosso rosto. Sensível e delicado este seu poema. Gostei tanto.
Uma boa semana, minha Amiga Piedade.
Um beijo.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial