terça-feira, 26 de outubro de 2021

Quimera


Às vezes gostava de não ter passado, nem futuro,
e simplesmente congelar-me no presente.
Rasgar céus, sobrevoar as nuvens
estreitar os seus flocos, fazer fios de algodão doce
derreter em minhas mãos açúcar
e sentir o cheiro de caramelo quente.

Às vezes gostava de ser um rio
e seguir esbarrando pelas pedras
e inventar peixes que me pressentiam
rio em corrida desenfreada para a foz
e ser mar e sal, estirado
em cima da areia amarela e morna.

Mas todos temos passado
que gostamos de relembrar ou não
existe além de nós, existiu
desigual ou análogo para todos
não podemos fugir ao nosso destino
que não escolhemos mas é o nosso.

E por vezes
quase que me deslembro
deste oásis que busco e encontro
nestes fiapos de ilusões, que constroem
a fome e a sede, e perduram
caindo em cascata na minha utopia.

©Piedade Araújo Sol 2021-10-25
Imagem : Tina Spratt

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14 Comentários:

Blogger Roselia Bezerra disse...

não podemos fugir ao nosso destino
que não escolhemos mas é o nosso.

Boa noite de muita paz, querida amiga Piedade!
Nossa vida é tecida de tanta quimera.... algumas se realizam, outras serão sonhos que subirão até o céu dentro do nosso coração.
Tenha novos dias abençoados!
Beijinhos com carinho de gratidão e estima

terça-feira, 26 outubro, 2021  
Blogger Marta Vinhais disse...

A vida segue o seu próprio caminho; mas o sonhos ajudam-nos a viver, a enfrentar esses momentos sombrios...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 26 outubro, 2021  
Blogger - R y k @ r d o - disse...

Penso que a vida não faria sentido caso não existisse passado nem amor ao presente e/ou fé no futuro
Poema lindíssimo, profundo, que me deliciou ler
.
Saudações poéticas
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

terça-feira, 26 outubro, 2021  
Blogger brancas nuvens negras disse...

Um belo poema cheio de significado mas... somos o nosso passado e talvez sejamos o nosso futuro.
Um abraço.

terça-feira, 26 outubro, 2021  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Um poema soberbo. Parabéns, Piedade! :)
-
Faz dos teus dias, a banda sonora ...
-
Beijos e um excelente dia!

terça-feira, 26 outubro, 2021  
Blogger Ailime disse...

Boa tarde Piedade,
Um poema magnífico em que os sentimentos estão à flor da pele.
Gostei imenso.
Um beijinho e um lindo dia.
Ailime

terça-feira, 26 outubro, 2021  
Blogger Porventura escrevo disse...

A realidade espaço-tempo, que é tudo menos imutável, vai sempre impedir esse sonho.
O congelamento no presente
:-)
Gostei

quarta-feira, 27 outubro, 2021  
Blogger zaratustra disse...

Li e gostei sim. Dois dos poemas obrigaram-me a dupla leitura, porque é bom ler os versos, mas também gosto de ler os entre versos.
Uma poesia límpida tal como "a palavra" da Dualidade da palavra.

quarta-feira, 27 outubro, 2021  
Blogger Elvira Carvalho disse...

A vida é um rosário de passado e presente. E temos que viver com isso.
Abraço e saúde

quarta-feira, 27 outubro, 2021  
Blogger AC disse...

Um deslembrar que lembra, numa procura infinita. Desejavelmente sem concessões.
Que bom voltar a lê-la, Piedade.

Um beijinho :)

quinta-feira, 28 outubro, 2021  
Blogger Mário Margaride disse...

Belo poema aqui nos presenteia!
Recordar os bons momentos, é sempre um regresso ao passado. Onde será sempre difícil reviver...
Muito Obrigado, pela visita e gentil comentário no meu cantinho.
Votos de um bom resto de domingo, e uma excelente semana!
Beijinhos!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

domingo, 31 outubro, 2021  
Blogger Maria João Brito de Sousa disse...

Lindíssimo poema que eu juraria já ter comentado... porém, não me encontrando entre os comentadores, deixo-lhe agora os meus parabéns por mais esta límpida cascata de palavras e sentimentos, Piedade.

Um beijo

segunda-feira, 01 novembro, 2021  
Blogger Graça Pires disse...

Aceitar o passado para entender o presente e com ele esse destino que nos está reservado para além dos sonhos. Um poema intenso e cheio de motivos de reflexão.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

segunda-feira, 01 novembro, 2021  
Blogger Agostinho disse...

Não é o "rasgar céus, sobrevoar nuvens [e] estreitar os seus flocos, fazer fios de algodão doce [e] derreter [...] mãos açúcar" que abrandam o ardor da quimera.
Num tempo cheio de "às vezes" vivemos rodeados de riscos fatais.
Se o presente é volátil, temos seguro o passado. Basta pela manhã entrarmos na imagem reflexa que o espelho nos devolve - a carcaça do passado em pessoa. A besta mitológica?

Li o poema repetidamente a semana passada,
sem dar sinal de vida. Voltei, agora, para dizer que se levantaram muitas encruzilhadas por/para deslindar.
Saúde e Bj amigo.

terça-feira, 02 novembro, 2021  

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