terça-feira, 1 de setembro de 2020

Prisioneira, ou tão-somente “A Fugitiva dos Relâmpagos”


Cativa do vazio que lhe transbordava a alma, as interpelações, quedavam-se a pairar no ar, sem réplicas nem tão pouco elucidações se as houvesse.

Dissimulava muitas vezes a realidade. Era mais cômodo, e não aguilhoava tanto.

Administrava os pressentimentos, e por vezes tentava mover as pedras que dispunha como se fossem dados num jogo viciado e que não se conhece nada, absolutamente nada e para o qual nunca estaremos, meramente preparados.

Mas ela fazia parte do jogo e sem ela o jogo não podia prosseguir.

Não fossem esses estados de alma, por vezes catatónicos e já tinha ido voar com os pássaros além-mar.

Numa noite inusitada de verão em que ribombaram relâmpagos, ela desapareceu.

E os velhos da aldeia, juraram, que no dia seguinte viram-na libertada de grilhetas a voar com os pássaros.

E aquele local da aldeia, ainda hoje é conhecido pelo lugar da “fugitiva dos relâmpagos”

Autor ©Piedade Araújo Sol 2013-08-31
Imagem : Alex Krivtsov

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15 Comentários:

Blogger brancas nuvens negras disse...

Um poema com uma boa dose de mistério.
Boa Noite.

terça-feira, 01 setembro, 2020  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Boa tarde!
Muito bem. Adorei a prosa poética!! :)
-
O cheiro da rosa oferecida...
-
Beijo, e uma excelente dia!

terça-feira, 01 setembro, 2020  
Blogger Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de muita paz, querida amiga Piedade!
Uma belíssima expressão poética de quem está cativa do vazio...
O vácuo existencial produz eco...
Muito bonito.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

terça-feira, 01 setembro, 2020  
Blogger Fá menor disse...

E, então, conseguiu mover as pedras a seu favor...

quebrar as cadeias e voar com os pássaros é sempre uma boa solução para os jogos da vida.

Boa semana!
Beijinhos.

terça-feira, 01 setembro, 2020  
Blogger Diná Fernandes disse...

Uma prosa que me transbordou poesia, que lindo voo entre relâmpagos e o troar do trovão. Mistérios!

Bjs querida Piedade.

quarta-feira, 02 setembro, 2020  
Blogger Agostinho disse...

Anónima, cativa dissimulava, administrava, jogava na ilusão de ser livre.
E foi quando as circunstâncias se conjugaram para a ajudar a voar.
Quantas vezes uma mão, um embalo, dão alento bastante para quebrar amarras tiranas.
Beijo, Piedade.

quarta-feira, 02 setembro, 2020  
Blogger Marta Vinhais disse...

Será que estamos presos num jogo? Não é a vida um jogo com tempestades violentas e brisas suaves?
Ou escondemos simplesmente a dor numa doce fantasia?
Lindo....
Beijos e abraços
Marta

quarta-feira, 02 setembro, 2020  
Blogger MARILENE disse...

Nenhuma fantasia preenche vazios ou liberta prisioneiros de si mesmos. O jogo, no entanto, permite o sonho. Uma beleza, Piedade! Bjs.

quinta-feira, 03 setembro, 2020  
Blogger Jaime Portela disse...

Uma história interessante.
Gostei muito.
Bom fim de semana, querida amiga Piedade.
Beijo.

sexta-feira, 04 setembro, 2020  
Blogger Manuel Veiga disse...

um texto encantador. de uma subtil ironia. que muito aprecio.

haja quem não goste de relâmpagos!

beijo, amiga

sexta-feira, 04 setembro, 2020  
Blogger teresa dias disse...

Bom dia, Piedade!
Agora, venho apenas agradecer e retribuir a visita ao meu "Rol de Leituras".
Voltarei mais tarde, para percorrer com calma os seus dois espaços de mar, luz e versos.
Beijo, bom fim-de-semana.

sábado, 05 setembro, 2020  
Blogger Elvira Carvalho disse...

Um belíssimo texto, pleno de magia e poesia.
Abraço, saúde e bom domingo

domingo, 06 setembro, 2020  
Blogger Elvira Carvalho disse...

Um belíssimo texto pleno de magia e poesia.
Abraço, saúde e bom domingo

domingo, 06 setembro, 2020  
Blogger Graça Pires disse...

E ela foi livre e voou com os pássaros. Do que dizem os outros ela não quer saber nem os vai elucidar... Texto, tão belo, Piedade!
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

segunda-feira, 07 setembro, 2020  
Blogger Ailime disse...

Boa tarde Piedade,
Um texto tão belo, mas tão belo, que ainda não tinha lido!
Os meus Parabéns pela enorme criatividade.
Um beijinho.
Ailime

domingo, 13 setembro, 2020  

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