terça-feira, 30 de junho de 2020

Viver

Custa viver assim às apalpadelas
à espera de coisa nenhuma
os dias são estradas sem saída
e já não há sonhos
só um sofrer sem som
uma mágoa serena e tranquila
um egoísmo compartilhado
entre seres humanos.

Custa viver assim às apalpadelas
quando não existe motivo nenhum
para coisa nenhuma
e onde há música algures
rostos desiguais desfiando sorrisos
em espaços volúveis
cheios de tédio disfarçado.

Custa viver assim às apalpadelas
sofrendo tranquilamente
numa tarde quente de Junho.

© Piedade Araújo Sol (Junho 2005)
Imagem : Viktoria Haack

Etiquetas: ,

21 Comentários:

Blogger Rogério G.V. Pereira disse...


Imagine que desperta
no meio da floresta
e de repente
sente
que tem de estar presente
que tem mesmo
que estar à hora certa
na porta aberta
da fábrica

se falta
a humanidade pára

Garanto
viver em contacto
com coisas palpáveis
não custa assim tanto

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Piedade!
Às apalpadelas, neste tempo desafiador, mês após mês, numa tentativa de buscar brilho aos novos dias.
Lindo demais!
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger " R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- De apalpadela em apalpadela se constrói o presente e o dia de amanhã. Poema triste mas muito sedutor de ler.
.
Tenha um dia feliz
Abraço

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Maria João Brito de Sousa disse...

Li e o seu belo poema tocou-me, Piedade.

Bjo

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Um poema brilhante...Amei!

**
Quero de volta o meu silêncio...

Beijo e um excelente dia.

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Marta Vinhais disse...

Custa, sim... estar parada no limiar de tudo e sem saber se podemos avançar...
E nem a tarde quente nos convida a transpor a porta...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger silvioafonso disse...

Uau, que delícia, poeta.
Beijos e beijos, muitos
(com máscara).

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Agostinho disse...

Um poema angustiante que traduz sentimentos não bons nem maus, naturais nas circunstâncias que vivemos.
Custa viver. Nunca foi fácil, mas hoje é mais difícil.
O mundo nunca foi tão selva como hoje, apesar das regras e leis terem crescido esponencialmente para regular as comunidades humanas.
Temos tudo, e falta-nos cumprir o desígnio da relação, da proximidade.
Custa viver, agora, e ainda temos água e pão... e ainda se conjugam verbos como ter e haver. Falta cumprir o ser.
Beijo, amiga Piedade.

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Fá menor disse...

Custa.
Mas há que ir apalpando o terreno que se apresenta aos nossos pés, caminhando tantas vezes por tentativa e erro até encontrar o motivo que nos faz caminhar.
Abraçar o caminho e calcorreá-lo com amor no coração é sempre a melhor opção.

Boa semana!
Beijinhos.

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Elvira Carvalho disse...

Custa muito, mesmo Piedade.
Abraço e saúde

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger Ailime disse...

Boa tarde Piedade,
"Custa viver assim às apalpadelas". Se custa!
Belíssimo poema que retrata de forme sublime a nossa realidade.
Tenhamos esperança em dias melhores.
Um beijinho e continuação de boa semana, com saúde.
Ailime

terça-feira, 30 junho, 2020  
Blogger AC disse...

Tem razão, Piedade, a vida com liberdade condicionada é uma tortura lenta, muito lenta...

Um beijinho :)

quarta-feira, 01 julho, 2020  
Blogger A Casa Madeira disse...

Liberdade a conta gotas! jamais...
Boa entrada de mês de julho.
Abraços
janicce.

quarta-feira, 01 julho, 2020  
Blogger Mar Arável disse...

Ás apalpadelas como se fossemos livres
e somos
Bj

quinta-feira, 02 julho, 2020  
Blogger José Carlos Sant Anna disse...

Às apalpadelas na angústia dos dias nebulosos e manchados que se sucedem em círculos que se fecham em si mesmos. Pequenas fagulhas por vezes que logo se desvanecem...
Apesar da angústia que escoa do poema, um pouco mais e dormiremos apaziguados...
Beijinhos,

quinta-feira, 02 julho, 2020  
Blogger Jaime Portela disse...

Viver não custa, o que custa é viver a vida.
Esta frase assenta como uma luva nos tempos de pandemia que estão a ocorrer por todo o lado.
Gostei muito do seu poema, é magnífico.
Bom fim de semana, querida amiga Piedade.
Beijo.

sexta-feira, 03 julho, 2020  
Blogger LuísM Castanheira disse...

Parar um pouco não faz mal
Mal e' não dar valor 'a Liberdade.

Éramos livres e não sabíamos
E o Mundo girava
E nós com ele derrapávamos
Para um Futuro (ainda) desconhecido.

Estamos cansados
Das causas de tantos erros
Humanos
Mas tudo e' melhor
Que a falta de esperança.

Havemos de sorrir, novamente
E dar abraços
Beijos
E sentir todos os cheiros
Acertar nossos passos.

Um beijo, amiga Pi.

sexta-feira, 03 julho, 2020  
Blogger LuísM Castanheira disse...

Parar um pouco não faz mal
Mal e' não dar valor 'a Liberdade.

Éramos livres e não sabíamos
E o Mundo girava
E nós com ele derrapávamos
Para um Futuro (ainda) desconhecido.

Estamos cansados
Das causas de tantos erros
Humanos
Mas tudo e' melhor
Que a falta de esperança.

Havemos de sorrir, novamente
E dar abraços
Beijos
E sentir todos os cheiros
Acertar nossos passos.

Um beijo, amiga Pi.

sexta-feira, 03 julho, 2020  
Blogger Teresinha da Música disse...

Desejo-te um bom verão e aproveita a vida ao máximo,gostei da tua poesia e dos teus versos,muitos beijinhos,tudo de bom para ti,tem um excelente mês de Julho!!

sábado, 04 julho, 2020  
Blogger Margarida Pires disse...

Olá querida amiga Piedade!
Viver às apalpadelas é sem dúvida um tormento!
Mas, acredito que temos de ter esperança e que o mundo irá renascer em torno da felicidade!
Um beijinho iluminado!💙🌷💙
Megy Maia🌈

domingo, 05 julho, 2020  
Blogger Graça Pires disse...

Espero que não seja desânimo o que leio nestas suas palavras lindíssimas. É que custa mesmo viver assim...
Uma boa semana com muita saúde, minha Amiga Piedade.
Um beijo.

segunda-feira, 06 julho, 2020  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial