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Natália Drepina
Tenho as mãos cheias de terra
e esta terra não é minha. Não a sinto minha
é do mundo, e por aqui ficará,
e os campos estão áridos,
e escurecem tristes e esquecidos.
e esta terra não é minha. Não a sinto minha
é do mundo, e por aqui ficará,
e os campos estão áridos,
e escurecem tristes e esquecidos.
Que local é este que não reconheço,
em que instante vim aqui ancorar,
que não me recordo,
mas alguem me chamou,
em canto de pássaro brilhante.
E meu nome ressoou nas colinas,
em eco uníssono,
ou foi apenas impressão minha,
e os meus olhos vagueiam,
e sinto paz em esboços de cor.
As minhas mãos estão limpas,
e a serenidade em toda a sua essência,
diz-me,
que a terra era um símbolo,
num remoinho de sentires.
Não sei nada deste desnorte,
as janelas estão abertas, não as fechei,
tirei as cortinas para melhor ver o dia,
e a porta, essa, apenas está no trinco
podes abrir e entrar.
© Piedade Araújo Sol 2019-02-25
15 Comentários:
por vezes o nosso olhar e' ferido pela paisagem patente,
nao so' pelo abandono mas, muito em especial, pela
ocupação desmedida e selvagem. ate' prefiro a natureza
na sua mais violenta explosão.
um poema para reflectir.
um beijo, Pi
Bom dia. Parabéns pelo brilhante poema:)) Adorei...
Hoje:- Em homenagem ao Gil António. Obrigada.
Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira.
Locais esquecidos... apenas o Vento e as memórias os conhecem...
Mas continua a haver vida...
Lindo..
Beijos e abraços
Marta
Um poema lindo demais!
Beijinhos
Acabo de ler e fico sempre enlevada,
transportada para uma esfera de fantasia
em que a simbologia é um ato criativo de
sublime eloquência.
Admiro por demais não desconstruir os seus
textos.
Gratíssima pela porta no trinco...
Terno abraço, querida Amiga
~~~
Um poema de eleição, direi mesmo que brilhante, que adorei ler.
.
Cumprimentos
.
** Pelo teu beijo me deixava morrer **
Haverá desnortes... mais serenos, para quem neles se encontram... mas absolutamente desconcertantes, para quem a eles assistem...
Tenho uma pessoa amiga... numa fase assim...
Um poema muito belo... que me tocou particularmente, Piedade!
Peço desculpa pela minha ausência nos seus cantinhos, Piedade! Estes meus últimos meses, não têm sido muito fáceis, sucessivos problemas de saúde da minha mãe têm tomado muito do meu tempo... e entre imensas consultas e exames, e outros afazeres necessários... os dias têm passado num ápice... e outras vezes, as preocupações... tiram-me quase toda a disposição para andar na Net... pelo que nem tenho conseguido chegar a metade do numero de blogues que gostaria... e tenho publicado bem menos...
E se há alguns que se podem comentar de uma forma muito leve, dado o tipo de conteúdo dos mesmos... outros haverá, em que não o consigo fazer assim, de todo...
Espero ter um fim de semana, relativamente calmo... e se assim for, conto mergulhar nos seus cantinhos com tempo... e apreciá-los com a devida atenção que me merecem...
Beijinhos, Piedade! Esperando que tudo esteja bem aí desse lado... ou pelo menos, bem melhor... pois deu-me a sensação que também estaria numa fase mais atribulada, há um tempinho atrás...
Ana
O canto,
transformado em verso,
de uma alma serena
mas ao mesmo tempo
inquieta como vento.
Já tinha saudades de te ler.
Um abraço
Palavras sentidas e profundas num poema sublime.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Este comentário foi removido pelo autor.
Se a porta está no trinco entrará um anjo, o seu anjo, que a ajudará a sair desse desnorte e fará seu todo o chão que pisa…
Uma boa semana.
Um beijo.
Quem entra tem a liberdade de sair, mas a indeterminada pessoa pode ser o próprio "eu". A vantagem de portas sem fechaduras e vidraças transparentes está na segurança e liberdade do agente, afinal, da gente. De toda a gente.
Gostei das figuras ou alegorias que construíste no poema. Apesar do cerco que nos enreda sempre temos a hipótese de lhe escapar.
Beijo, Piedade. Amanhã é Carnaval.
Onde se lê "apreenda todas as instâncias" leia-se "se apreendam todas as instâncias...
Diz-se que o poema enclausurado na gaveta não existe. Sem leitor não há poema.
Diz-se também que um poema é soma de todas as leituras. A cada olhar o poema se renova, se se desdobra, se reinventa.
Aqui, neste poema sem título, há uma bela dicção, de cativante beleza. Nele se derramam alegorias que permite ao leitor digressões, viagens ao sabor do que se passa no momento da leitura, no momento em que transpassa a porta depois de vencido o trinco. Isto não significa, contudo, que se decodificou a(s) alegoria(s) que cada estrofe do põem guarda. É perseverar para que se apreendam todas as instâncias do poema.
Um bom descanso no Carnaval, poeta!
Adjectivei o mais recente poema acima: "Às vezes vivo plantando palavras no tempo" de magnifico, porque assim é de facto. Mas como tal não deixo de estar a ser injusto, porque a bem da verdade magnifico é todo este "Olhares em tons de maresia", com desde já imediata extensão a este subsequente poema sem titulo, cujo por si só, as reticencias (.....) no lugar de titulo, não deixam de ser sinónimo da magnificência que aqui refiro em alusão ao blogue no seu todo.
Já quanto ao presente poema em concreto evito fazer grandes alusões e/ou interpretações relativas ao mesmo, desde logo porque sinto objectiva dificuldade em fazê-lo, além de dizer que segundo o entendo, sinto-o em grande e universal medida como parte de mim ou eu como parte dele _ o que enquanto tal espero não seja desprestigiante para a por si só admirável e por mim estimada autora, Piedade Araújo Sol.
Beijos
VB
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