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terça-feira, 7 de novembro de 2017

Uma história sem história

Anka Zhuravleva
Não escrevi uma, mas, várias histórias que falavam sobre ti.

Desenhei várias vezes o teu rosto sobre as águas do rio, mas, tu rias e dizias sempre que eu era muito complexa, e que ninguém pode desenhar nada sobre as águas, e, muito menos o teu rosto.Mas,eu sempre fiz isso e ainda faço.

Hoje as bátegas de chuva que caíram desamparadas sobre as águas do rio, fizeram-me acreditar que, afinal, o teu rosto, não é a única coisa que eu posso desenhar nas suas águas...

Também posso desenhar a minha mágoa, e assim talvez me sinta mais desprendida desta amargura que me abraça como uma teia e me aniquila vagarosamente.

Não escrevi uma história sobre ti. Mas várias, muitas delas pela alvorada dentro, quando a saudade me fazia avivar ainda mais a falta da tua presença.

Hoje estou aqui de pé junto da janela que dá para o rio, desenho nos seus vidros ofuscados pelo vapor que sai da minha respiração, um barco que vai embora e lá dentro em vez de um marinheiro, desenho uma sombra abstracta que simboliza a minha mágoa, que retrata a minha e a tua história sem história..

© Piedade Araújo Sol 2006-10-31 
(reeditado)

23 comentários:

  1. A história desentranhada. A palavra sem a contrapalavra, sem o testemunho do Outro. O ponto de vista do narrador, mas posta com imagens tão bonitas quanto verossímeis, tão próximas da prosa poéticas, que parecem saídas de um sonho.
    Beijinhos,

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  2. Que bom que decidiu reeditar estes textos tão belos.
    Gostei de ler.
    Um abraço

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  3. As histórias, milhares de histórias que contamos na brisa... no vidro... numa noite violenta de chuva...
    Nossas...
    Lindo..
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Esta reedição, Pi, como outras, teve para mim o mérito de descobrir pérolas escondidas que, por falta de tempo, ou preguiça, ou por serem datadas num tempo anterior, vamos deixando para trás, e lendo as mais recentes.

    Dito isto, e para ressalva da minha admiração, vamos ao poema:

    A extrema sensibilidade desta carta/poema/prosa, aliada à escrita transparente e estruturalmente rica, dá-me a dimensão do tempo e do espaço, por dentro da solidão.
    É como se nada contasse, a não ser às águas correntes dum rio, a passarem, sempre iguais, nos dias que vão chegando.
    E as memórias, incrustada nas sombras da saudade, nos aprisionassem os movimentos.
    Só uma alma feminina poderia escrever este poema-prosa, deixando o vinco avassalador do género.
    Parabéns, pois.
    Um bj.Amiga.

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  5. Lindo!!
    Existem histórias que valem a pena. Amei

    Beijinhos

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  6. Sei que este é reeditado, Piedade, porque marcou-me profundamente desde a primeira vez que o li. Mas sempre vale a pena rever algo tão lindo! Boa semana, fica bem.

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  7. Sabe como sintetizarei meu comentário? Dizendo única frase: Você é linda!
    Cadinho RoCo

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  8. Precioso fondo musical y es verdad que todo en amor es triste pero como dijo el poeta: trsite y todo es lo mejor qwue existe. Un abrazo. Feliz semana. Franziska

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  9. Que bela mensagem amiga! várias histórias que se resume apenas numa que falar e traz lembranças de um amor!
    Parabéns, amei! Abraços

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  10. O timbre da tua emoção vibrou a corda do ser,
    entranhou-se-me sem estranheza.
    Li ontem e
    deixei repousar.

    Para felicidade dos que vêm
    e dos que vão
    não calaste o teu coração.
    A tua história tem história
    É linda!

    Bj

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  11. Boa tarde. Gostei de ler a narrativa mas a verdade é que meu olhar ficou cravado na imagem. Linda demais.
    Boa tarde

    Gostei muito do seu blogue. Linkei o seu linke no meu. Fiz-me seguidor
    Ficarei muito feliz se merecesse que o meuu linke também figurasse na sua lista de blogues a visitar
    .
    https://brincandocomaspalavrass.blogspot.pt/
    .
    Votos de uma Santa tarde
    .

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  12. Algumas histórias só existem dentro da gente,não é? Sem reciprocidade, vira mesmo uma história sem história. Parabéns. Lindo seu texto.

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  13. Uma prosa poética linda! Uma história - senti - que teve começo, meio e fim, mas que não levou a nada, como outras tantas coisas da vida. Ficou a frustração.
    Beijo, querida. Aplausos!

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  14. Há histórias sem história, na verdade.
    Mas este texto tem muita história e bem contada. Gostei imenso, parabéns.
    Bom fim de semana, amiga Piedade.
    Beijo.

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  15. Desenhamos, acima de tudo, o que sentimos. E que bem a Piedade desenha!

    Abraço :)

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  16. A escolha da imagem é perfeita e sua história bem reeditada proporcionou um belo momento de leitura!
    bj

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  17. Escrever na água um nome, uma história, uma emoção. E saber que o que resta depois é o silêncio e a sombra à procura da luz...
    Gostei imenso deste texto, Piedade.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  18. Boa semana, Piedade; aguardo o próximo post!

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  19. Olá Pi, como tu desenhas as mágoas...já tinha saudades de te ler. Amei demais amiga. Aos poucos vou voltando...se conseguir...Boa semana e beijos com carinho

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  20. Maravilhoso texto, no qual a saudade e a mágoa... ficaram desenhados na água... por entre as bátegas da chuva... e da alma...
    Belíssimo de se apreciar, como sempre!...
    Beijinho
    Ana

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  21. As imagens do seu blog
    são belíssimas. Parabéns,
    meu anjo.

    Um beijo e volte lá sempre.

    silvioafonso



    .

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