7
já te pintei sete vezes. sete é um número – impar. o mesmo das colinas da cidade.
por vezes meus dedos tacteiam o ar para melhor reter as cores – os azuis e tu ficas de perfil sorvendo o sol.
amornas a tarde com um suspiro enrolado em ternuras dispersas e amedrontadas com a inocência dos momentos – idos.
mas por vezes o meu desenho são apenas pedaços envoltos em neblina e cheiros de maresia.
e as cores rubras são as mesmas da tarde a derramar-se em sangue no poente.
um dia vou reproduzir os cinzentos que se formam nas tardes e nas despedidas da luz que feneceu no horizonte.
e respirar é preciso para dar vida ao meu desenho.
© Piedade Araújo Sol
Outubro-2011
Foto: _-_-_Eau_
21 Comentários:
Minha querida amiga, POETISA Pi;
Simplesmente MARAVILHOSO este poema.
Um beijo.
Sete é o nome de uma tela desenhado com o sentir de um momento, onde os sentimentos respiram liberdade.
Sete é um número mágico...
O nº da sorte...O da ternura expressa em cada um destes versos....
Mas que se pintem no cinzento as cores rubras....
Beijos e abraços
Marta
Então respira.
Gostei tanto deste teu post!...
Espero que um dia a tua pintuta seja feita de amarelos e ocres.
Amarelos de luz, iluminando reencontros adiados.
Ocres do calor das almas felizes.
Um beijo, Pi.
... e já é tanto
Uma escrita doce que me agrada tactear!
um dia...
que pode ser hoje.
beijinho Piedade
sete
como as travessias do Tejo
mais uma, para não ficarmos do outro lado
talvez tenha de o pintar sete vezes sete e o desenho ganhará forma
um beijo
manuela
magico poema! ...
dulcissimas cores com que das vida aos teus poemas.
gostei muito, mesmo!
beijo
um desenhar
um desnudar
em pedaços...
neblinas...
numa despedida...
abrazo serrano
Minha querida
Por vezes das nossas mãos voa o arco-íris com que pintavamos a vida e fica apenas um céu acinzentado.
Como sempre gostei de te ler a alma com que te escreves.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Piedade, há algo de cinestésico em toda a tua escrita e neste poema em particular. Será um bom exercício memorizá-lo e repeti-lo de olhos fechados.
Um beijinho e obrigada por mais este bonito momento.
E agora que penso nisso, de sinestésico, também. Porque são tantos os sentidos que convocas!
Beijinhos e bom fds
Piedade
Perfeita afinidade Poética entre a Pintura e o Desenho onde "(...)respirar é preciso para dar vida ao meu desenho."
Sensível!
Beijos
SOL da Esteva
Por vezes queremos agarrar os sentidos, mas escapam-nos para lá do horizonte. E o desenho ressente-se.
Beijo :)
Desenho que nas tuas palavras ganha vida... e quanta vida! :) Boa semana, amiga.
Mas nem é preciso respirar para que as tuas palavras tenham vida.
Excelente poema. Gostei imenso.
Querida amiga Piedade, tem uma boa semana.
Beijos.
O sete é um número cabalístico, perfeito!
Deus fez o mundo e no sétimo, descansou!
É o 'número que rege a natureza do Sol, da Lua - com as suas sete fases - e do homem e da mulher'. Uma literatura vasta nos informa sobre ele, 'sete são os dons do Espírito Santo'; 'Sete são os sacramentos'. E quantas outras referências mais encontramos sobre ele? Para os 'judeus, que obedecem ao Tora, praticam o Sabat' - descansam , no sétimo dia -;
os sete pecados capitais, no cristianismo;
sete yogas para os indianos, 'raja, jnana, karma, bhakti, hatha, tantra ou kundalini e kriya';
para 'Pitágoras o sete representava a soma dos três divinos com os quatro terrestres';
Em 'Platão o sete era "o número bem amado por Deus", e o amor platônico ascendia em sete níveis ou modos definidos deste o puramente pessoal até a emoção impessoal';
e ainda 'o símbolo da sétima sephira é a estrela de sete pontas';
'o Menorah, ou candelabro de 7 pontas do judaismo e a representação da 'Árvore da Vida';
O sete está presente nas notas musicais; são sete os mares; sete dias da semana; sete cores do espectro; sete maravilhas do mundo.
'O sete está nas profecias do Apocalipse. Está na astrologia da Caldéia. Está no Egito, na China, na Índia, no Japão, no Oriente e no Ocidente'. Se eu ainda quiser elencar o sete, trarei-os aqui: 'Sete, as cidades de pedra. Sete, as torres de Constantinopla. Sete, as colinas de Roma. Sete, as pragas do Egito'.
E peço-te perdão setenta vezes sete, por ter deixado tanta informação, é que seu poema é mais do que uma pintura na emoção, é referência à perfeição!
Beijão, querida!
Deslizo o olhar em cada frase, dedilho cada palavra, absorvo lentamente e respiro a doçura feita poesia. É bom perder-me por aqui. Beijinhos ;)
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial