divagações
Para C.M.P
Saio para a tarde à procura de uma luz numa nuvem que se me ateia como um garrote, suicidário.
Sei que existe outra luz num mirante, para os lados onde o vento fustiga logo pela manhã, e onde me perdi um dia em conjecturas inverosímeis de cores em paleta de aforismos rubros e verdes de esperança
Mas o vento levou tudo e apenas me deixou aqui, plantado numa sombra inexistente de mim.
Procurei estilhaços e em meu olhar apenas senti frio e sal algures em correria de fim
Já não sei fixar os ensejos pois até esses as nuvens me levaram e amarrotaram num céu denso de cinzento e breu
Mas ainda sei as cores quentes dos poentes e ainda oiço a melodia em acordes de um piano em forma de rio ou de saudade que guardei além de mim.
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© Piedade Araujo Sol Setembro 2011
Foto: Shawrus
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© Piedade Araujo Sol Setembro 2011
Foto: Shawrus
24 Comentários:
Cada dia mais poética, mesmo quando proseia.
E é tudo quanto basta para voltar a colorir os poentes nas saudades que ficam....
Uma beleza....
Obrigada pela visita...
Beijos e abraços
Marta
ainda sabes quase tudo...
beijinho Piedade
Que beleza de texto, apesar das nuanças de melancolia, saudade e tristeza.
O último parágrafo é todo memória, uma memória sinestésica que nos possibilita sentir, ver e emocionar, aqui do outro lado do Atlântico.
Obrigada pela ida ao Canto, volte sempre, será um prazer recebê-la!
Um beijo!
;)
Canto da Boca
eu explico:
este texto está escrito no masculino, coloquei-me na pele de um amigo meu que atravessa uma crise de tristeza e saudade pela partida inesperada (morte) da mulher que amava.
obrigada pela visita
Que imagem deslumbrante Pi!
Fico a olhar para ela como se estivesse lá. A minha eterna paixão pelo mar! É assim, só, junto dele que sempre me encontrei. Percebo como este momento de saudade que descreves está tão deslumbrantemente associado à imagem. Apesar da saudade é um momento de paz, porque é no mar que procuramos o infinito, tudo o que está para lá do horizonte e do compreensível.
Os teus espaços revelam uma cada vez mais apurada arte de fotografar.
Beijinhos
Branca
Desses estilhaços é dificil recuperar. Boa sorte para ele e que a luz que sobra ainda chegue para seu alimento
O esmorecimento da figura da amada é o apagar lento da chama do mirante ( metáfora da paixão e do amor vivo intenso ) até se difundir nas névoas do tempo ( metáfora da nuvem ).
Poema de saudade. Melancólico. Como estão a ser, aliás, ´muitos poemas teus. Mas sem perda de esperança. E com afirmação da duração do amor apesar das contingências do tempo. Porque ficam os poentes. Ainda. Ainda na memoria.
Gostei do teu poema.
Um abraço.
O esmorecimento da figura da amada é o apagar lento da chama do mirante ( metáfora da paixão e do amor vivo intenso ) até se difundir nas névoas do tempo ( metáfora da nuvem ).
Poema de saudade. Melancólico. Como estão a ser, aliás, ´muitos poemas teus. Mas sem perda de esperança. E com afirmação da duração do amor apesar das contingências do tempo. Porque ficam os poentes. Ainda. Ainda na memoria.
Gostei do teu poema.
Um abraço.
oiço o vento que bate lá fora....a saudade mora em ti..
apaixonadas letras..
beijos!!
Sou uma distraída...navego nas ondas do mar, :))
Beijos
saio para a tarde
como se alguém fosses tu
sei-vos
na solidão e na saudade
um beijo
A saudade na cinza dos dias
que se interpõem entre a melodia
e os acordes que ficam agarrados às mãos...
bjos
Olá, como está?
Achei o texto muito bem escrito!
Bjsss
Tudo se move
no sentido do voo
A esperança nos ilude tanta vez...e a realidade depois nos fere....
Olha, amiga, estou de saída para Coimbra: levar meu marido a mais uma consulta no IPO - Rezo...tenho medo...mas tenho FÉ!
Até logo, ou amanhã...não sei,,
Te beijo...
Bom fim de semana com sol e mar em profusão...
Um encanto tão terno...adoro repousar por aqui...é um aconchego. Beijinhos ;)
'Divagar' pode ser uma forma de atirar as preocupaçõs 'ao vento'.
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Felicidades
Manuel
Magnífico texto. Muito poético.
Gostei especialmente do último parágrafo (claro que sabes as cores quentes dos poemas...).
Beijos.
sonata de Outono. dedilhada em piano e cello.
... e declinada no masculino.
muito belo.
beijo
Às vezes estamos tão focados em nós que não vemos o que está "além". A dor da saudade e da perda pode fazer-nos isso... Mas o importante é não perdermos a noção de que existe esse tanto.
Gostei imenso.
Beijinho, Piedade
A empatia com as pessoas queridas... um traço dos verdadeiros poetas. :) Boa semana, amiga!
Apesar das desventuras do caminho, ainda há a certeza dum rumo...
Muito bem escrito, Piedade!
Bjs
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