terça-feira, 13 de setembro de 2011

divagações

Para C.M.P

Saio para a tarde à procura de uma luz numa nuvem que se me ateia como um garrote, suicidário.
Sei que existe outra luz num mirante, para os lados onde o vento fustiga logo pela manhã, e onde me perdi um dia em conjecturas inverosímeis de cores em paleta de aforismos rubros e verdes de esperança

Mas o vento levou tudo e apenas me deixou aqui, plantado numa sombra inexistente de mim.

Procurei estilhaços e em meu olhar apenas senti frio e sal algures em correria de fim

Já não sei fixar os ensejos pois até esses as nuvens me levaram e amarrotaram num céu denso de cinzento e breu

Mas ainda sei as cores quentes dos poentes e ainda oiço a melodia em acordes de um piano em forma de rio ou de saudade que guardei além de mim.
.
© Piedade Araujo Sol Setembro 2011
Foto: Shawrus

24 Comentários:

Blogger Vítor Fernandes disse...

Cada dia mais poética, mesmo quando proseia.

terça-feira, 13 setembro, 2011  
Blogger Marta Vinhais disse...

E é tudo quanto basta para voltar a colorir os poentes nas saudades que ficam....
Uma beleza....
Obrigada pela visita...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 13 setembro, 2011  
Blogger Luis Eme disse...

ainda sabes quase tudo...

beijinho Piedade

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Canto da Boca disse...

Que beleza de texto, apesar das nuanças de melancolia, saudade e tristeza.

O último parágrafo é todo memória, uma memória sinestésica que nos possibilita sentir, ver e emocionar, aqui do outro lado do Atlântico.

Obrigada pela ida ao Canto, volte sempre, será um prazer recebê-la!

Um beijo!

;)

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Canto da Boca

eu explico:

este texto está escrito no masculino, coloquei-me na pele de um amigo meu que atravessa uma crise de tristeza e saudade pela partida inesperada (morte) da mulher que amava.

obrigada pela visita

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Branca disse...

Que imagem deslumbrante Pi!

Fico a olhar para ela como se estivesse lá. A minha eterna paixão pelo mar! É assim, só, junto dele que sempre me encontrei. Percebo como este momento de saudade que descreves está tão deslumbrantemente associado à imagem. Apesar da saudade é um momento de paz, porque é no mar que procuramos o infinito, tudo o que está para lá do horizonte e do compreensível.

Os teus espaços revelam uma cada vez mais apurada arte de fotografar.

Beijinhos
Branca

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Carlos Ramos disse...

Desses estilhaços é dificil recuperar. Boa sorte para ele e que a luz que sobra ainda chegue para seu alimento

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Unknown disse...

O esmorecimento da figura da amada é o apagar lento da chama do mirante ( metáfora da paixão e do amor vivo intenso ) até se difundir nas névoas do tempo ( metáfora da nuvem ).
Poema de saudade. Melancólico. Como estão a ser, aliás, ´muitos poemas teus. Mas sem perda de esperança. E com afirmação da duração do amor apesar das contingências do tempo. Porque ficam os poentes. Ainda. Ainda na memoria.
Gostei do teu poema.
Um abraço.

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Unknown disse...

O esmorecimento da figura da amada é o apagar lento da chama do mirante ( metáfora da paixão e do amor vivo intenso ) até se difundir nas névoas do tempo ( metáfora da nuvem ).
Poema de saudade. Melancólico. Como estão a ser, aliás, ´muitos poemas teus. Mas sem perda de esperança. E com afirmação da duração do amor apesar das contingências do tempo. Porque ficam os poentes. Ainda. Ainda na memoria.
Gostei do teu poema.
Um abraço.

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Braulio Pereira disse...

oiço o vento que bate lá fora....a saudade mora em ti..
apaixonadas letras..


beijos!!

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Branca disse...

Sou uma distraída...navego nas ondas do mar, :))

Beijos

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger manuela baptista disse...

saio para a tarde

como se alguém fosses tu

sei-vos
na solidão e na saudade


um beijo

quarta-feira, 14 setembro, 2011  
Blogger Fá menor disse...

A saudade na cinza dos dias
que se interpõem entre a melodia
e os acordes que ficam agarrados às mãos...

bjos

quinta-feira, 15 setembro, 2011  
Blogger vieira calado disse...

Olá, como está?

Achei o texto muito bem escrito!


Bjsss

quinta-feira, 15 setembro, 2011  
Blogger Mar Arável disse...

Tudo se move

no sentido do voo

quinta-feira, 15 setembro, 2011  
Blogger BlueShell disse...

A esperança nos ilude tanta vez...e a realidade depois nos fere....
Olha, amiga, estou de saída para Coimbra: levar meu marido a mais uma consulta no IPO - Rezo...tenho medo...mas tenho FÉ!
Até logo, ou amanhã...não sei,,
Te beijo...

sexta-feira, 16 setembro, 2011  
Blogger José Leite disse...

Bom fim de semana com sol e mar em profusão...

sexta-feira, 16 setembro, 2011  
Blogger Sempre disse...

Um encanto tão terno...adoro repousar por aqui...é um aconchego. Beijinhos ;)

sexta-feira, 16 setembro, 2011  
Blogger DE-PROPOSITO disse...

'Divagar' pode ser uma forma de atirar as preocupaçõs 'ao vento'.
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Felicidades
Manuel

sábado, 17 setembro, 2011  
Blogger Nilson Barcelli disse...

Magnífico texto. Muito poético.
Gostei especialmente do último parágrafo (claro que sabes as cores quentes dos poemas...).
Beijos.

domingo, 18 setembro, 2011  
Blogger Manuel Veiga disse...

sonata de Outono. dedilhada em piano e cello.

... e declinada no masculino.

muito belo.

beijo

domingo, 18 setembro, 2011  
Blogger Virgínia do Carmo disse...

Às vezes estamos tão focados em nós que não vemos o que está "além". A dor da saudade e da perda pode fazer-nos isso... Mas o importante é não perdermos a noção de que existe esse tanto.

Gostei imenso.

Beijinho, Piedade

segunda-feira, 19 setembro, 2011  
Blogger O Árabe disse...

A empatia com as pessoas queridas... um traço dos verdadeiros poetas. :) Boa semana, amiga!

segunda-feira, 19 setembro, 2011  
Blogger AC disse...

Apesar das desventuras do caminho, ainda há a certeza dum rumo...
Muito bem escrito, Piedade!

Bjs

segunda-feira, 19 setembro, 2011  

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