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terça-feira, 15 de julho de 2025

Mar de Dentro

 

Não limpes a lágrima
- chora-a até ao fim
hajota


há dias em que os tumultos
se entranham devagar em mim,
como se um mar me habitasse.

do céu, nem um bulício de bem-estar,
nem a mais ténue luz de serenidade
se espreguiça dentro de mim.

forma-se um véu de sombras —
cinzentos baixos roçando o breu
em labirintos sem saída.

dentro de mim é o caos:
um destino sombreado,
com lágrimas a roçar-me o rosto.

talvez, caindo livremente,
sejam apenas mais uma gota
na imensidão do mar que me habita.

©Piedade Araújo Sol 2025-07-08
Imagem : Marina Stenko

19 comentários:

  1. Há dias em que até o próprio Sol é cinzento tanta é a dor...
    E, sim, instala-se o caos....
    Belo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Olá, querida amiga Pity!
    Quando temos um mar dentro de nós, estamos sujeitas a derramar nossas lágrimas em abundância nele...
    Logo após, vem o bulicio de bem-estar.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos fraternos

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  3. O caos convoca-nos, várias vezes, durante a nossa existência.
    Um abraço.

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  4. Excelente poema, onde li a jornada da vida com suas agruras, acabando por prevalecer a serenidade.
    Adorei.
    Beijinho e óptima semana com paz e saúde, Pity.😘

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  5. Boa noite Pity,
    Há momentos em que somos invadidos por um turbilhão de sentimentos e é como se o mar habitasse em nós.
    O caos instala-se.
    E o mar vai derramando gota a gota, tudo o que nos sufoca.
    Belissimo poema!
    Beijinhos, Pity, boa semana e muita paz.
    Emília

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  6. Quando por acaso, 'os tumultos se entranhar' ,deixemos a lágrima cumprir o seu ciclo livremente para honrar o que se sente , sem disfarces. Chorar é também um ato de libertação a roçar nosso rosto,
    Um abraço, Pity _ bonito poema,

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  7. Há um desacerto que vem em noites traiçoeiras e faz este estado de desorganização.
    Bom e profundo sentir amiga.
    Bjs e paz na feliz semana.

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  8. Cada lágrima que cai no rosto faz uma sulco que represente o lugar onde a angústia se deteve. Habitada pelo mar, deixa que essa imensidão possua. Como se fosse imprescindível. Gostei da epígrafe do nosso amigo Agostinho.
    Tudo de bom.
    Um beijo.

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  9. Há dias assim
    em que nos vestimos de sombras e outros em que a Primavera nos habita a alma...
    E noutros é a saudade que quem já fomos neste Universo ou noutros...

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  10. Que esse imenso mar se acalme
    em sintonia com o poema
    (por aqui, a rebentação amansou)

    Beijo fâ

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  11. Se temos um mar enorme dentro da gente, não é umas gotinhas de tristeza que vai nos contaminar!!

    Bela reflexão.

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  12. Lindo poema, querida Pity.
    Uma verdade irrespondível. Até me fez lembrar uma música que muito apreciei no passado.
    "Tem dias que a gente se sente // Como quem partiu ou morreu // A gente estancou de repente // Ou foi o mundo então que cresceu."
    E não é?
    Bjsssssssssssssssss

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  13. Beautiful image and very nice poem. Warm greetings from Montreal, Canada.

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  14. Olá, amiga Piedade, gostei muito do seu poema, mais uma mostra de seu talento poético.
    Votos de um feliz fim de semana, com paz e saúde.
    Abraços, amiga.

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  15. Olá querida Piedade!

    Mais um poema maravilhoso! Relembra-me aqueles dias mais nublados por dentro, em que tudo parece "sem cor"...

    Abraços para si! 🤗

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  16. É simultaneamente fascinante e aterrador, este seu Mar de Dentro, Piedade Sol.
    O meu, voltou a ficar sereno como um espelho durante algumas semanas, não houve lua nem vento que o tirassem daquele marasmo...

    um beijo!

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  17. Há dias em que adiamos tudo para que os tumultos cessem e possamos encontrar a serenidade desejada. Então se faz o poema e com ele a transfiguração do momento em uma linguagem matizada pelo azul do mar sem lantejoulas.
    Beijinhos, Piedade!

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  18. Há que saber gerir o caos... que acaba por ser melhor que a paz podre...
    Excelente poema.
    Boa semana querida amiga Piedade.
    Beijos.

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  19. A face é tão só o rosto
    da lágrima anúncio de emoção,
    da temperatura da alma
    Nunca se renda o corpo
    ao destino da secura

    Um poema muito bom.
    Obrigado.
    Beijo

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