Andei tão repleta, das caminhadas que fiz
e das que não consegui fazer,
que o sofrimento dos desaires e o orgulho dos triunfos
encheram-me os pés, e as sandálias de pó,
quiçá já lama endurecida.
No mapa incerto do tempo e do espaço,
na vontade de singrar
e lutar por tudo aquilo em que acreditava,
tentei _______________ caí.
E outras tantas vezes me levantei.
Passou muito tempo,
muitas luas e marés.
Hoje, olho transversalmente,
como se perscrutasse um espelho
que já nada, ou quase nada devolve.
E onde a memória não me trai
é no desejo de não voltar atrás.
Pois lá, lá é apenas um lugar inóspito,
onde nem casa, nem lembrança,
nem rasto nosso, sobreviveu.
Tudo sucumbiu,
como o pó das estradas,
das areias nos desertos,
na ausência de mim, de nós,
dos que ficaram, dos que partiram.
Hoje, quando entro,
num lugar a que chamo templo,
descalço as sandálias impregnadas de pó.
Ergo as pálpebras,
tento acender a óptica,
mas só o cansaço me escolta.
Doem-me os joelhos.
Permaneço de pé,
na frágil borda da incerteza.
E à minha frente, somente ruínas:
fabricadas pelo tempo, e pela ausência.
Lindo poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarO tempo não espera por nós...mas, apesar de tudo, continuamos a caminhar e a olhar o horizonte....
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Nesta peregrinação que é o tempo que vivemos cansa-nos a fadiga dos dias como se a caminhada fosse sempre incerta e sem mapa para orientação. Por isso nos sentimos frágeis e tudo nos dói até a memória de tudo o que passou e a incerteza do que se passará, até a ausência dos que amamos.
ResponderEliminarBelíssimo poema como já nos habituou, minha Amiga Piedade.
Tudo de bom.
Um beijo.
Consciência da caminhada feita, do que se construiu e do que se arruinou depois de nós. O desalento também é vida mas... resistimos.
ResponderEliminarUm abraço.
Belíssimas imagens poéticas, Sol!
ResponderEliminarBoa noite Pity,
ResponderEliminarAs nossas memórias vão- nos ajudando a viver estórias passadas, que deixaram muitas marcas nos nossos corações...
Voltar atrás não nos ajuda, neste momento em que as memórias ainda estão bem vivas.
Temos que seguir em frente e aguardar por melhores dias.
Um poema fabuloso.
Beijinhos, Pity' e continuação de uma semana muito abençoada.
Emília
ResponderEliminarMagnífico e profundo poema/reflexão sobre a vida.
Vejo a vida como um trilho feito
de escolhas e consequências , conduzindo- nos à reflexão.
Parabéns!
Beijinho e óptima semana , Pity.😘
Um bom poema deslaçado pela melancolia...
ResponderEliminarNa "frágil borda da incerteza" pousámos
esgotados pés cansados confundidos
no excessos de neons leds rumos virtuais
Tão longe da Via Láctea que almejámos
na primavera que parecia não ter fim
Até a memória nos atraiçoa e falha sim
Beijo.
Que belo poema, admirada poeta! Respinga melancolia, mas é um poderoso poema. Nele você faz uma reflexão sobre o tempo e a vida, com imagens bem transfiguradas nos encharcando de poesia, ainda que revelem as nossas fragilidades.
ResponderEliminarObrigado pelo teu passeio pela minha casa!
Beijinhos, Pity!
Que belo poema!
ResponderEliminarPensar nossas caminhadas e nossos caminhos percorridos, nossas lutas vencidas e perdidas é sempre um balanço que devemos fazer de tempos em tempos. Tirar um pouco a lama dos pés.
Olá, amiga Piedade, gostei muito desse belíssimo poema, nessa viagem feita pelo tempo, do que foi realizado e do que ficou por realizar.
ResponderEliminarVotos de uma ótima semana,
um beijo, amiga.
Olá querida Piedade!
ResponderEliminarUm poema que toca muito. Mesmo no cansaço, que haja coragem! Obrigado! 🥹
Abraços! 🤗
Boa tarde Piedade,
ResponderEliminarO caminho faz-se caminhando. Há sempre escolhos pelo meio da viagem. Saibamos contorna-los, para seguirmos a nossa viagem.
Gostei bastante.
Deixo os votos de um bom fim de semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
O tempo é um fabricante de ruinas.
ResponderEliminarExcelente poema, gostei imenso das suas palavras muito inspiradas.
Boa semana.
Um beijo.
Tocou-me profundamente este seu "Depois do Caminho", Piedade...É que também eu "permaneço de pé/Na frágil borda da incerteza".
ResponderEliminarUm beijo!
Bela poesia... senti falta da luz das suas fotos que tanto me aqueciam...Bjos.
ResponderEliminarMas pode visitar o meu blogue das fotos e dos haicai de minha autoria é só clicar neste link :https://olharemtonsdeflash.blogspot.com/
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