Darei voz às vozes surdas
Marcela Bolivar
Não lhes queria aparecer em sorrisos imaginários
Para que o cântico dos sonhos morresse de vez nas palavras
Quis inventar crisântemos e riscar a minha pele
Com véus em murmúrios escuros de organza
Cerzidos por linhas cruas de tons densamente nublados
Florescia em mim a memória das coisas amargas
Porque era noite e tinha frio nos caminhos tortuosos
Que de tão ásperos percorria a sangrar num martírio
Estava demasiado cansada para prosseguir submersa
Na asfixia da insónia fertilizada por laivos de pesadelos
Indecifráveis que medravam como as ervas daninhas
Mas vou reler os livros
Darei voz às vozes surdas para que me deixem viver
©Piedade Araújo
Sol 2009-01-27
18 Comentários:
Um poema muito bem construído. Adorei :))
Bjos
Votos de uma óptima Terça- Feira
Mais um poema exímio! :)
Alma adormecida sem rumo.
Beijos e um excelente dia!
Vai poeta
vai ler
dá voz às vozes caladas
para que soltem o grito
e iluminem
esses murmúrios escuros
és ou não és Sol?
Belo poema.
Tenho por prática reler alguns livros.
Boa continuação de semana.
Encenaste no palco uma coreografia excelente.
Quando na releitura encontrares,nas prateleiras mais altas, a palavra que arredonda a obliquidade triangular da iniquidade, a espuma da praia virá beijar-te os pés.
Boa semana.
Um belíssimo momento poético Piedade pois dar voz é uma ajuda!!!bj
É nas palavras guardadas, em espera, que as horas inexistem. Só a chegada, de quem as (re)lê, o tempo se torna presente. Pacientes, não esquecem. Genuínas, e sempre disponíveis. Essas são as palavras, em livros, criadas.
belo e criativo, o Poema, Amiga Pi.
Um beijo.
É sempre bom reler livros... despertam memórias, sentidos, ideias e sorrimos...
Porque as horas não se arrastam, não ficam negras, pesados...
Beijos e abraços
Marta
Também tenho por hábito reler certos livros
Não adianta colocá-los em prateleiras altas, não adianta tentar esquecê-las. As palavras lidas vão permanecer na memória.
Gostei de ler.
Abraço
É imprescindível dar voz aos ausentes, reduzidos a palavras
caladas em livros.
Uma innspiração eloquente a partir da gravura expressa
em metáforas sábias e admiráveis.
Muito belo, estimada poetisa.
Beijos, Amiga.
~~~
Imagem fantástica para um titulo interessante e o fechamento do poema ficou uma maravilha de poetizar.
Beijo amiga e bom fim de semana.
Parabéns pelo poema. É muito bem escrito e excelente.
Amiga Piedade, um bom fim de semana.
Beijo.
Há vozes que não deixamos que se calem
Olá, Piedade, é sempre um prazer vir nesse espaço onde leio os poemas de tua autoria, sempre belo como este. Parabéns.
Uma boa semana.
Beijo
Pedro
Reler os livros e deixar que as palavras se soltem, tal como fez neste magnífico poema, minha Amiga Piedade…
Uma boa semana.
Um beijo.
E os livros são isso mesmo... vozes surdas... que nos dão a ouvir, murmúrios de outras vidas... que por vezes até nos conseguem devolver à nossa... mais plenos, atentos e preparados...
Como sempre, uma maravilhosa inspiração por aqui, Piedade!...
Beijinho! Feliz semana!
Ana
Não apenas um belo poema, mas também uma bela definição dos livros: vozes surdas, que nos ajudam a viver! Boa semana, Piedade.
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